Milei admite que não há solução imediata para conflito sobre Falklands
O presidente da Argentina admitiu que as Ilhas Falkland estão "nas mãos do Reino Unido" e que não existe uma "solução instantânea" para a disputa desse arquipélago pelos dois países, numa entrevista publicada hoje pela BBC.
© Tomas Cuesta/Getty Images
Mundo Argentina
Javier Milei reconheceu também que poderá levar décadas para tentar recuperar as ilhas (que os argentinos chamam de Ilhas Malvinas) e sublinhou que a Argentina não está "a procurar um conflito" com o Reino Unido, durante a entrevista concedida à cadeia britânica BBC, em Buenos Aires.
"Se esse território está agora nas mãos do Reino Unido, que tem o direito de o fazer (recusar negociar a soberania das ilhas). Não vejo isso como uma provocação", acrescentou Milei, cuja posição contrasta com a dos anteriores governos argentinos, que exigiram que o Reino Unido abrisse negociações sobre a soberania das ilhas.
Milei declarou desejar que as ilhas sejam argentinas "dentro de um quadro de paz".
"Não vamos renunciar à nossa soberania, nem vamos procurar um conflito com o Reino Unido", afirmou o presidente argentino, que se recusou a fixar um prazo para o retorno da soberania argentina das ilhas.
Milei afirmou que "vai levar tempo" e envolverá uma "negociação de longo prazo".
"Podem não querer negociar hoje. Mais tarde, poderão querer. Muitas posições mudaram ao longo do tempo", declarou.
O político argentino reconheceu que isso poderia levar décadas e fez referência à entrega britânica da ex-colónia de Hong Kong à China em 1997.
Milei fez essa observação depois de prometer um "roteiro" para a recuperação da soberania das ilhas quando fosse assinalado o 42º aniversário do início da guerra entre os dois países, em 02 de abril de 1982.
Da mesma forma, criticou os políticos que "batem no peito a exigir a soberania das ilhas, mas sem qualquer resultado".
Durante a entrevista, que aconteceu em Buenos Aires, Milei elogiou a ex-primeira-ministra britânica conservadora Margaret Thatcher, que estava à frente do Governo quando os dois países entraram em guerra e ordenou que o cruzador General Belgrano fosse afundado, resultando na morte de 323 pessoas a bordo.
Questionado se ainda admirava Thatcher, o presidente argentino disse: "Criticar alguém devido à nacionalidade ou raça é muito pobre intelectualmente. Já ouvi muitos discursos de Margaret Thatcher. Ela foi brilhante. Então qual é o problema?".
Na guerra, que terminou com a rendição do governo argentino liderado por uma junta militar em junho de 1982, morreram 255 soldados britânicos, três ilhéus e 649 soldados argentinos.
A Argentina reivindica a soberania das ilhas, um arquipélago no Atlântico Sul, desde 1833.
Leia Também: Manifestações na Argentina pelo 1.º de Maio contra políticas de Milei
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com