Forçado êxodo de 500 palestinianos na Cisjordânia em 20 meses, diz ONG
A crescente violência dos colonos israelitas na Cisjordânia ocupada e a tomada ilegal de terras forçaram a deslocação de cerca de 500 palestinianos de sete comunidades nos últimos 20 meses, segundo um relatório do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).
© Shutterstock
Mundo colonos israelitas
"Comunidades palestinianas inteiras estão a ser varridas do mapa. Um legado vergonhoso de violência implacável, intimidação e assédio perpetuados pelos colonos israelitas e, em alguns casos, encorajados pelas autoridades israelitas", afirmou Ana Povrzenic, diretora para a Palestina do NRC, organização humanitária independente.
Embora não seja um fenómeno novo, a violência dos colonos -- quase sempre impune -- tem vindo a aumentar desde 2022 e, na semana passada, um palestiniano de 19 anos foi morto por colonos na aldeia palestiniana de Burqa.
A ONU documentou 591 incidentes relacionados com colonos nos primeiros seis meses deste ano, que resultaram em vítimas palestinianas, danos materiais ou ambos, um aumento de quase 40% em comparação com o mesmo período de 2022, quando já se tinha registado o maior número de incidentes desde que as Nações Unidas começaram a registá-los, em 2006.
Até agora, este ano, 10 palestinianos foram mortos e quase 2.000 ficaram feridos na Cisjordânia ocupada durante incidentes violentos com colonos, de acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
"A rápida criação de postos avançados e a ocupação de terras palestinianas está a sufocar as comunidades palestinianas, a destruir os seus meios de subsistência e a pôr em perigo as suas vidas, que não têm outra alternativa senão fugir, deixando para trás as suas casas, escolas e empregos", afirmou Povrzenic.
Recentemente, mais de uma dezena de famílias, incluindo 89 palestinianos, entre os quais 39 crianças, foram deslocadas à força da aldeia de Ras At-Tin, a leste de Ramallah, na sequência do aumento do assédio e da intimidação por parte dos colonos.
Segundo o NRC, os colonos israelitas apoderaram-se das terras de pastagem da comunidade e instalaram uma vinha junto a uma base militar israelita.
Além disso, 60 outras comunidades palestinianas correm um risco elevado de deslocalização forçada devido à "violência dos colonos e soldados israelitas, à expansão dos colonatos e às políticas e práticas profundamente discriminatórias de Israel, incluindo o seu regime ilegal de planeamento e ordenamento do território", acrescenta o relatório.
A Cisjordânia ocupada está a viver a maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-2005) e este ano 179 palestinianos já foram mortos no âmbito do conflito israelo-palestiniano, a maioria deles milicianos, em confrontos armados com tropas e atacantes israelitas, mas também civis, incluindo 32 menores.
Paralelamente, a zona assistiu à proliferação de novos grupos armados palestinianos, que realizam cada vez mais ataques e causaram 30 mortos do lado israelita, na maioria colonos, cinco dos quais menores, e três militares.
Leia Também: Cerca de 600 incidentes com colonos israelitas na Cisjordânia em 6 meses
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com