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Líder dos sérvios bósnios desvaloriza impacto das sanções dos EUA

O presidente da entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina, o nacionalista Milorad Dodik, desvalorizou hoje as sanções a quatro membros do seu Governo impostas na segunda-feira pelos Estados Unidos, considerando que não terão um efeito preocupante.

Líder dos sérvios bósnios desvaloriza impacto das sanções dos EUA
Notícias ao Minuto

14:36 - 01/08/23 por Lusa

Mundo Milorad Dodik

"Os Estados Unidos pensam que desta forma podem disciplinar todos os que não pensam como eles", escreveu Dodik, que mantém relações de proximidade com a liderança russa, em mensagem na rede social Twitter.

"Eles querem trocar-nos por outros que se calem, assintam com a cabeça, consintam. Não estamos preocupados por essas sanções", acrescentou, após sublinhar que Washington "não elegeu cargos na República Srpska [RS, a entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina] nem os destituirá".

Dodik reagia à decisão do Governo de Washington que na segunda-feira anunciou sanções dirigidas a quatro responsáveis sérvios bósnios por "subverterem" o acordo de Dayton de 1995 que pôs termo a três anos e meio de guerra civil e estabeleceu a Constituição do Estado da Bósnia-Herzegovina.

O Estado bósnio é integrado por duas entidades, a RS e a Federação entre bosníacos (muçulmanos) e croatas, para além de frágeis instituições centrais (presidência tripartida, Governo, parlamento e instituições judiciais) em Sarajevo.

As sanções abrangem o primeiro-ministro da RS, Radovan Viskovic, o ministro da Justiça Milos Bukejlovic, o presidente do parlamento da entidade, Nenad Stevandic, e a representante sérvia bósnia na presidência colegial tripartida, Zeljka Cvijanovic.

O Departamento do Tesouro [Finanças] norte-americano indicou em comunicado que estes quatro dirigentes da RS são "diretamente responsáveis" pela promoção de uma lei do parlamento da Republika Srpska que tem por objetivo declarar inaplicáveis na RS as decisões do Tribunal Constitucional bósnio.

Para Washington, esta ação ameaça a "estabilidade, soberania e integridade territorial da Bósnia-Herzegovina" e a sua "integração euro-atlântica".

Dodik também já foi sancionado por Washington em 2022, sob a acusação de boicote às instituições centrais da Bósnia-Herzegovina e alegadas atividades de corrupção.

Em 27 de junho, o parlamento da entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina aprovou uma lei que impede a aplicação no seu território das decisões do Tribunal Constitucional central, num novo desafio à autoridade do alto representante internacional.

A lei foi aprovada por 56 dos 65 deputados presentes, uma alteração impulsionada por Milorad Dodik, que tem promovido um crescente afastamento da entidade face às instituições centrais da Bósnia-Herzegovina.

A iniciativa de Dodik ocorre após o Constitucional bósnio, que inclui dois magistrados sérvios bósnios, quatro da entidade croato-muçulmana e três representantes estrangeiros, ter decidido em meados de junho que pode tomar decisões sem a presença dos juízes sérvios bósnios.

O tribunal alegou que as autoridades sérvias bósnias pretendem bloquear o trabalho da instituição, pelo facto de um juiz ter atingido há meses a reforma e com o segundo a retirar-se em breve, sem que estejam a ser apontados substitutos.

Dodik assegura que este tribunal pretende favorecer os bosníacos (muçulmanos) em detrimento dos dois restantes "povos constituintes" reconhecidos pelo acordo de Dayton (sérvios e croatas locais), e que a nova lei permanecerá em vigor até à aprovação de uma nova norma sobre o Constitucional bósnio.

O alemão Christian Schmidt, atual alto representante internacional para a Bósnia-Herzegovina, que possui poderes especiais, tem advertido a RS sobre a aplicação de sanções devido às alegadas derivas separatistas.

Schmidt foi designado em julho de 2021 pelo Conselho de Segurança da ONU, mas com os votos contra da Rússia e da China, sendo por esse motivo considerado ilegítimo pelas autoridades sérvias bósnias.

A ex-república jugoslava continua a confrontar-se com as ambições secessionistas dos sérvios bósnios e uma crescente fratura e afastamento entre os nacionalistas bosníacos muçulmanos e croatas católicos.

Os partidos nacionalistas continuam a dirigir as respetivas entidades, num cenário de profundas divisões étnicas.

Em 02 de outubro passado, foram eleitos os parlamentos das duas entidades, o presidente da RS e as assembleias dos dez cantões da Federação partilhados entre bosníacos e croatas.

Leia Também: Parlamento dos sérvios bósnios aprova lei que penaliza a difamação

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