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Feitos na economia deixam Biden "em boa forma" no Estado da União

O presidente norte-americano, Joe Biden, chega ao primeiro Estado da União após perder o controlo do Congresso "em boa forma" e com feitos para mostrar na economia, infraestruturas e política externa, disseram à Lusa analistas políticos. 

Feitos na economia deixam Biden "em boa forma" no Estado da União
Notícias ao Minuto

10:46 - 05/02/23 por Lusa

Mundo EUA

"Penso que ele está em muito boa forma", disse o cientista político Thomas Holyoke, professor na Universidade da Califórnia em Fresno. No discurso do Estado da União, que acontecerá a 07 de fevereiro, o especialista antecipa que Biden irá passar em revista os pontos altos dos últimos dois anos, em especial as conquistas legislativas. 

"Ele vai focar-se mais nas coisas que conseguiu fazer, principalmente nas infraestruturas", referiu. Biden assinou o Infrastructure Investment and Jobs Act em novembro de 2021 e os resultados dessa legislação começam agora a ser visíveis, com vários projetos importantes a saírem do papel. 

"Já estamos a ver uma aceleração dos projetos que passaram com a lei das infraestruturas. Já começaram os projetos de renovação e melhoria das vias de circulação, pontes, transportes públicos e por aí fora", sublinhou a cientista política Daniela Melo, professora na Universidade de Boston.

É o caso do investimento público para substituir o sistema de canalização e melhorar a infraestrutura do transporte de água em Filadélfia, do túnel de carris em Baltimore, da ponte Brent Spence entre o Kentucky e Ohio e do túnel sob o rio Hudson entre Nova Iorque e Nova Jérsia. Todos foram noticiados no último mês. 

Apesar dos desenvolvimentos negativos com a descoberta de documentos classificados na casa e no escritório de Joe Biden, alguns remontando à época em que era vice-presidente, os analistas consideram que isto não afeta muito o bom momento do presidente. 

"Os documentos são um embaraço, mas suspeito que a maioria das pessoas não quer saber assim tanto disso", afirmou Thomas Holyoke. "Porque a economia parece estar relativamente bem, ele parece estar a conseguir controlar a inflação e tem uma série de coisas boas de que pode falar", continuou. "Vai promovê-las, agora que é um presidente a procurar a reeleição". 

A situação económica deverá ocupar um lugar central no Estado da União, tendo em conta os dados favoráveis que têm saído nos últimos meses. Os dados de emprego de janeiro superaram as expectativas, com a criação de 517 mil novos empregos, levando o desemprego para 3,4%. É o nível mais baixo desde maio de 1969. 

"O desemprego está em mínimos e o crescimento económico prossegue", resumiu Holyoke. "A inflação é que é o problema e parece que o governo está a controlá-la", até "sem entrar em recessão, o que há um ano as pessoas não pensavam ser possível". 

Daniela Melo frisou que a questão da inflação é muito importante, como ficou demonstrado no nome do histórico pacote de 739 mil milhões de dólares (684 mil milhões de euros) aprovado no verão de 2022 -- Inflation Reduction Act, outra das grandes vitórias legislativas de Biden. A taxa de inflação caiu em janeiro pelo sexto mês consecutivo, fixando-se em 6,5%. 

"Olhando para os dados do último ano, Biden tem razão para ter esperança que os Estados Unidos na verdade não entrem em recessão e que a inflação esteja controlada", indicou a analista. 

Com a economia, infraestruturas e conquistas legislativas em alta, incluindo a aprovação de provisões relativas às alterações climáticas e competitividade na produção de semicondutores (CHIPS Act), o outro ponto favorável do mandato de Biden foi a ação na guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022. 

"A Ucrânia continua a ser um ponto positivo na política externa dos Estados Unidos", afirmou Daniela Melo. "Acredito que mencione o que se tem feito pela Ucrânia, o fortalecimento da aliança transatlântica na ajuda à Ucrânia e o combate ao imperialismo russo", salientou. 

Também a cientista política Nataliia Kasianenko, que leciona na Universidade da Califórnia e tem parte da família na Ucrânia, considera que este continuará a ser um tema central para a administração. 

"Penso que Biden vai mencionar a guerra na Ucrânia e os objetivos dos Estados Unidos no apoio continuado ao povo ucraniano", disse à Lusa. "Estou otimista que, no que toca à questão de se devemos apaziguar a Rússia ou lutar pela democracia na Europa, o Congresso vai continuar a apoiar a Ucrânia e a democracia". 

Os analistas referiram que o ponto mais baixo do mandato de Joe Biden foi a retirada do Afeganistão, e como tal o presidente não quererá voltar a falar do assunto. 

"A sua maior fraqueza, que os Republicanos vão tentar explorar, é a retirada desastrosa do Afeganistão", disse Thomas Holyoke. "Os republicanos vão tentar também atingi-lo na emigração, mas não sei se ele é tão vulnerável na emigração quanto na questão do Afeganistão. Porque o Afeganistão foi um desastre claro". 

Daniela Melo também aponta para este ponto negativo. "Ficaria surpreendida se houvesse uma menção do Afeganistão. Se houver será apenas relacionada com aquele tema de Biden sobre terminar as guerras intermináveis, mas duvido". 

Na questão das relações internacionais, um dos desafios mais complexos tem sido a China, situação agudizada pela alegada descoberta de um "balão de espionagem" chinês a sobrevoar o estado do Montana.

"Esta questão do balão de espionagem fez as coisas arrefecerem em termos de retomar as discussões com a China para tentar estabilizar a competição entre os dois estados", frisou Daniela Melo. O incidente levou o secretário de Estado, Antony Blinken, a desmarcar a viagem à China que estava prevista para ter início hoje.

Em termos domésticos, outro grande ponto de inflexão no último ano para Biden foi a revogação do direito federal ao aborto, que desencadeou protestos e mobilizou os eleitores democratas. 

"Os resultados eleitorais das intercalares mostraram claramente que o voto feminino e o voto que é sensível à questão do acesso ao aborto tiveram bastante peso", disse Daniela Melo. 

O discurso do Estado da União decorre a 07 de fevereiro no Capitólio e é o primeiro de Joe Biden com um Congresso dividido, com Democratas a controlarem o Senado e Republicanos a controlarem a Câmara de Representantes.

Leia Também: "Sombra" de recandidatura de Joe Biden paira sobre Estado da União

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