Antiga secretária nazi culpada por ajudar em mais de 10 mil homicídios
Irmgard Furchner começou a trabalhar no campo de concentração de Stutthof com apenas 18 anos.
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Mundo Nazismo
Aos 97 anos, Irmgard Furchner será, provavelmente, uma das últimas colaboradoras do regime nazi a ser julgada pelos crimes da Alemanha nazi dos anos 30 e 40. Esta terça-feira, Furchner foi condenada e considerada culpada por ter ajudado ao homicídio de 10.505 pessoas no campo de concentração de Stutthof.
O julgamento durou durante mais de um ano, com a acusação a enumerar a série de homicídios que a secretária do comandante das SS (a polícia secreta nazi) no campo de concentração ajudou a encobrir ou a perpetuar.
O juiz alemão Dominik Gross, do tribunal de Itzehoe, no norte da Alemanha, condenou a antiga secretária a dois anos de prisão com pena suspensa. O Ministério Público alemão mostrou-se contente com uma sentença cujo objetivo era mais "simbólico" que punitivo, especialmente dada a idade da condenada.
Segundo a Sky News, a acusação disse que a Furchner "ajudou e colaborou com a liderança do campo na matança sistémica dos prisioneiros entre junho de 1943 e abril de 1945, dentro das suas funções de estenógrafa e datilógrafa no escritório do comandante do campo".
Durante o julgamento, a antiga secretária dos nazis manteve-se maioritariamente em silêncio, mas aproveitou as declarações finais para mostrar arrependimento pelos horrores que se passaram no campo e por ter trabalhado lá.
Irmgard Furchner tinha apenas 18 anos quando começou a trabalhar em Stutthof, o primeiro campo de concentração criado pelos alemães fora do território alemão (neste caso, no norte da Polónia). O campo de Stutthof começou a receber os primeiros prisioneiros em 1939 e foi liberado pelos Aliados a 9 de maio de 1945.
Estima-se que tenham morrido entre 63 mil a 65 mil pessoas sob brutais condições de vida - dessas, cerca de 28 mil estimam-se que sejam judias. Passaram pelo campo mais de 100 mil pessoas, e muitas morreram devido a doenças provocadas pelas paupérrimas condições de higiene e de saúde em que os prisioneiros eram obrigados a viver.
Stutthof ficou também conhecido porque, antes da libertação pelos soldados da União Soviética, os alemães colocaram milhares de pessoas em barcos e empurraram-nas para o Mar Báltico sem comida ou água. Muitas morreram afogadas ou devido à exposição ao sol.
À semelhança do que aconteceu com o campo de Auschwitz, o campo de concentração de Stutthof é agora um museu, que pode ser visitado e que procura elucidar sobre os horrores do Holocausto.
[Notícia atualizada às 10h56]
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