Cortes de eletricidade na África do Sul vão manter-se no "curto prazo"
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que encurtou uma deslocação ao estrangeiro devido ao agravamento da crise de falta de eletricidade, advertiu hoje os sul-africanos que não devem contar com melhorias "a curto prazo".
© Reuters
Mundo África do Sul
"Em face ao desempenho incerto do parque de centrais elétricas a carvão (pertencentes à empresa pública sul-africana Eskom), não seremos capazes de parar a curto prazo os cortes de potência. Esta é a triste realidade de uma situação que se arrasta há muito tempo", escreveu o chefe de Estado, na carta semanal à nação.
Depois de várias semanas de quebras intensas de potência entre junho e julho, em pleno inverno austral, a maior companhia elétrica de África volta aos cortes drásticos de energia, porque a rede nacional não consegue produzir energia suficiente, em resultado de anos de má gestão e de corrupção.
Consumidores domésticos, assim como empresas, têm sido afetados por vários cortes que se prolongam por várias horas nas últimas duas semanas. Este sistema de cortes de potência está a ser aplicado há 15 anos.
Ramaphosa, que se encontrava em viagem pelos Estados Unidos e Londres, anunciou um regresso antecipado ao país na semana passada para dar uma resposta à crise.
"Estas duas últimas semanas de cortes de potência têm sido extremamente frustrantes e difíceis. A raiva do público justifica-se", disse o Presidente, acrescentando que a escassez de energia está a "pôr em risco" a economia.
"Para já, o nosso objetivo é reduzir a frequência e a gravidade dos cortes de energia, resolvendo as avarias nas centrais elétricas", explicou.
O aumento das temperaturas com a chegada da primavera leva geralmente a uma queda no consumo e reduz a pressão sobre as centrais elétricas envelhecidas e em mau estado de manutenção.
Um elevado número de avarias levou a uma queda dramática na produção elétrica, que está também a sofrer de problemas de fornecimento de carvão.
Cerca de 80% da eletricidade produzida na África do Sul depende do carvão, o que resulta em níveis de poluição graves, que os ambientalistas têm denunciado.
Ramaphosa apelou aos sul-africanos para "utilizarem a eletricidade com moderação", e garantiu que as medidas para criar novas capacidades de produção estão a progredir, "ainda que os efeitos não se façam sentir de imediato".
O Presidente anunciou em julho que a produção de energia será aberta ao setor privado. O país, que obteve 7,7 mil milhões de euros para a transição energética por altura da Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, COP26, em novembro de 2021, assinou os primeiros acordos para a produção de energia eólica na semana passada.
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