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Dez ex-militares confessam envolvimento em massacre na Colômbia

Dez antigos militares admitiram publicamente esta terça-feira, perante as famílias das vítimas, serem responsáveis pela execução de mais de cem civis em 2007 e 2008 na Colômbia, factos deturpados pelo Exército como guerrilheiros mortos em combate.

Dez ex-militares confessam envolvimento em massacre na Colômbia
Notícias ao Minuto

06:54 - 27/04/22 por Lusa

Mundo Colômbia

Estas confissões ocorreram durante uma audiência histórica organizada pelo Tribunal Especial para a Paz (JEP) na própria região do massacre, no departamento de Norte de Santander (norte), na fronteira com a Venezuela.

O JEP é uma instituição colombiana que emergiu do acordo de paz com os guerrilheiros marxistas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e que está a investigar crimes cometidos durante o conflito.

Um general, quatro coronéis, cinco soldados, todos aposentados, e um civil, admitiram sua participação no sequestro de 120 jovens na pequena cidade de Ocana para matá-los a sangue frio e depois apresentá-los como membros da guerrilha de extrema-esquerda que operava na área.

Esta audiência pública, que juntou cerca de 50 familiares das vítimas frente a frente com os ex-militares, que estavam vestidos à civil, mas com cabelos curtos.

Entre estes estava o general de brigada Paulino Coronado, o oficial mais graduado a comparecer.

"Depois de anos de silêncio e medo, finalmente chegou a hora da verdade para acabar com décadas de impunidade", salientou o JEP numa publicação em vídeo.

Nestor Gutierrez, cabo na época dos eventos e o primeiro dos entrevistados a falar, admitiu a sua responsabilidade pelos "crimes de guerra", salientando que as vítimas "eram simples camponeses" e referindo-se à "pressão do alto comando" e às "exigências de resultados".

Os réus especificaram as circunstâncias em que assassinaram estes homens, com idades entre os 25 e 35 anos, camponeses detidos à força ou jovens enganados por promessas de trabalho, numa região onde o cultivo de cocaína é constante.

As vítimas foram executadas numa fazenda próxima do quartel de Ocana, em áreas isoladas, devido a uma prática motivada por uma "política institucional do Exército que consiste em contar os corpos" para aumentar os seus resultados no combate à guerrilha, apontou o juiz responsável pela audiência.

Em troca, os militares recebiam bónus, promoções e medalhas, explicou o magistrado.

Segundo o JEP, cerca de 6.400 civis foram executados entre 2002 e 2008 em todo o país em troca de benefícios materiais para os militares.

Até o momento, cerca de vinte destes admitiram serem responsáveis pelos crimes.

O alto comando militar e o ex-Presidente de direita Álvaro Uribe (2002-2008), então à frente do país, sempre negaram uma atuação sistemática, falando de "casos isolados".

A JEP julga os piores crimes do conflito que durou mais de meio século e deixou nove milhões de mortos, desaparecidos, sequestrados, mutilados e deslocados.

Segundo o acordo de 2016, aqueles que confessarem os seus crimes serão beneficiados com penas alternativas à prisão.

Em janeiro, o JEP indiciou oito ex-líderes das FARC pelo sequestro de 21.396 pessoas. Os ex-rebeldes, que admitiram a sua responsabilidade, ainda não receberam sua sanção, que é esperada ainda em 2022.

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