É urgente uma política comum da UE para a região Indo-Pacífico
O especialista em estudos estratégicos Brahma Chellaney defende hoje, numa conferência em Lisboa, que a adoção de uma política comum da União Europeia para a região do Indo-Pacífico se tornou mais urgente do que nunca.
© Wikimedia Commons
Mundo Brahma Chellaney
A União Europeia (UE) "precisa de pisar com confiança o palco do Indo-Pacífico para tirar partido dos seus pontos fortes", afirmou na apresentação de uma análise intitulada "Indo-Pacífico: imperativos estratégicos para a UE".
O documento, a que a Lusa teve acesso e que é explicado na "Conferência UE-Ásia: Desafios e Futuro", que hoje decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, adianta que os 27 devem "construir parcerias diversificadas e reforçadas no Indo-Pacífico, de modo a equilibrar os riscos geopolíticos e geoeconómicos e desempenhar um papel alargado na região".
Segundo Brahma Chellaney, a região do Indo-Pacífico "é fundamental para os interesses económicos e geopolíticos a longo prazo da UE" e vice-versa.
"Atualmente, o Indo-Pacífico encontra-se numa encruzilhada" e "a UE deve ser parte da mudança e não ser deixada para trás", considera o professor de Estudos Estratégicos do Centro de Pesquisa de Políticas de Nova Deli.
Por um lado, adiantou o especialista, o peso económico desta região do mundo está a aumentar e reforçam-se "nacionalismos concorrentes", especialmente na Ásia.
Por outro, "a garantia da segurança das rotas comerciais marítimas que ligam a Europa ao Pacífico, através da região do Oceano Índico, tornou-se mais premente".
Face à política prosseguida, quer pelo ex-Presidente norte-americano Donald Trump, quer pelo seu sucessor, Joe Biden, que reconheceu a região como um "Indo-Pacífico livre e aberto", o Indo-Pacífico debate-se com a escolha "entre uma ordem liberal assente em regras e uma ordem iliberal hegemónica", disse Brahma Chellaney, referindo que a zona se tornou "extremamente importante para a segurança internacional".
"Entretanto, a publicação de três importantes relatórios ou documentos americanos desde novembro de 2020 que dizem respeito ao Indo-Pacífico ou, mais especificamente, à China, sublinhou a urgência de uma abordagem acionável e duradoura liderada pelos EUA em relação à China, à medida que o país se torna mais assertivo, expansionista e autoritário", adiantou.
Por isso, considerou o especialista, a UE deve ampliar "o seu foco para incluir elementos políticos no Indo-Pacífico, como a cooperação marítima, o desenvolvimento institucional e a paz e segurança".
A estratégia pode passar por desempenhar um papel mais importante nas organizações regionais.
"Uma UE mais empenhada seria amplamente acolhida no Indo-Pacífico", afirmou, explicando que "sem parcerias estreitas e duradouras que unam ambas as extremidades do eixo euro-asiático, um 'Indo-Pacífico livre e aberto' continuará a ser uma miragem".
A apresentação sobre a região Indo-Pacífico surge a propósito da conferência que antecipa a cimeira de alto nível UE/Índia, a 08 de maio, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
A iniciativa, que partiu do Fórum Futuro da Fundação Gulbenkian, visa, de acordo com a organização, "contribuir para o processo de análise e formulação da política externa da União Europeia com a Ásia em geral e com a Índia em particular".
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