Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
13º
MIN 12º MÁX 17º

Líder dos Jovens Patriotas quer regressar à Costa do Marfim com Gbagbo

O antigo líder dos Jovens Patriotas da Costa do Marfim, Charles Blé Goudé, abordou hoje o seu regresso à Costa do Marfim com o ex-presidente Laurent Gbagbo, que recuperou o passaporte e deverá viajar em dezembro.

Líder dos Jovens Patriotas quer regressar à Costa do Marfim com Gbagbo
Notícias ao Minuto

17:38 - 06/12/20 por Lusa

Mundo Costa do Marfim

Tal como o antigo presidente da Costa do Marfim, Blé Goudé, 48 anos, foi absolvido de crimes contra a humanidade em primeira instância pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) e aguarda, em Haia, um possível recurso em liberdade condicional.

"O Presidente Gbagbo quis dar-me pessoalmente as informações (da entrega do seu passaporte) e assumiu a responsabilidade de abrir o caminho para o nosso regresso à pátria", escreveu Charles Blé Goudé numa declaração.

"Uma porta para Abidjan está a abrir-se para nós", acrescentou.

"O seu regresso [de Gbagbo] à terra natal poderia contribuir grandemente para o apaziguamento da situação sociopolítica", considerou, saudando o "ato republicano e fraterno das autoridades da Costa do Marfim.

Laurent Gbagbo anunciou na sexta-feira, através do seu advogado, que tinha obtido dois passaportes, um comum e um diplomático, e que espera regressar à Costa do Marfim em dezembro.

Blé Goudé tinha fugido da Costa do Marfim após a crise pós-eleitoral de 2010-11, que matou 3 mil pessoas e terminou com a vitória do Presidente eleito Alassane Ouattara e a detenção de Laurent Gbagbo.

Foi detido em 2013 no Gana e transferido para o TPI em 2014 para ser julgado ao lado de Laurent Gbagbo.

Os dois foram absolvidos, em primeira instância, em janeiro de 2019.

Charles Blé Goudé foi um dos membros mais controversos do clã Gbagbo, sendo apelidado de "General das Ruas" pela sua capacidade de mobilizar apoiantes do antigo presidente da Costa do Marfim.

Os seus críticos e ONG internacionais consideram-no um dos que mais contribuíram para a violência durante a crise pós-eleitoral de 2010-11.

Laurent Gbagbo, 75 anos, que está em Bruxelas, saudou a emissão do passaporte como "um ato no sentido do apaziguamento" e apelou às autoridades da Costa do Marfim "para darem mais um passo no sentido do relaxamento do clima sociopolítico", ainda tenso um mês após as eleições presidenciais que reelegeram Alassane Ouattara para um controverso terceiro mandato.

A votação ficou marcada por um boicote da oposição e por violência em várias cidades do país, da qual terão resultado pelo menos 85 mortos e quase 500 feridos, segundo diversas estimativas.

O processo de atribuição do passaporte ao antigo presidente arrastava-se há meses, com os seus apoiantes a acusarem as autoridades marfinenses de se recusarem a conceder-lhe o documento para que não pudesse regressar ao país para as eleições presidenciais de 31 de outubro.

A candidatura presidencial de Laurent Gbagbo chegou a ser apresentada na Costa do Marfim pelos seus apoiantes, mas foi invalidada pelo Conselho Constitucional.

O regresso do Gbagbo é um dos pontos de discórdia entre o Governo e parte da oposição, que não reconhece a reeleição de Ouattara.

O atual chefe de Estado declarou repetidamente que era favorável a um regresso do Gbagbo à Costa do Marfim.

Fontes presidenciais, citadas pela agência France Presse, adiantaram que foi visto com agrado que o ex-presidente não tenha acompanhado o apelo da oposição à "desobediência civil" e que se tenha manifestado contra a participação dos quadros do seu partido no "Conselho Nacional de Transição" proclamado pelos opositores para substituir o regime de Ouattara.

A agitação pós-eleitoral levou à detenção de várias figuras políticas, incluindo o porta-voz da oposição e o antigo primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan, e Maurice Guikahué, número dois do principal partido da oposição.

Laurent Gbagbo enfrenta ainda uma pena de prisão de 20 anos na justiça da Costa do Marfim num processo relacionado com desvio de fundos do Banco Central dos Estados da África Ocidental durante a crise de 2010-2011.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório