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EUA. Ex-coordenador de Projeto de Cidadania destaca participação política

O antigo coordenador do Projeto de Cidadania Luso-Americana James McGlinchey disse na quinta-feira que as atividades promovidas ao longo de mais de 15 anos junto da comunidade permitiram aumentar a participação política dos portugueses nos Estados Unidos.

EUA. Ex-coordenador de Projeto de Cidadania destaca participação política
Notícias ao Minuto

06:50 - 16/10/20 por Lusa

Mundo Estados Unidos

James McGlinchey, que foi um dos iniciadores e coordenador do Projeto de Cidadania Luso-Americana entre 1999 e 2009, falou esta quinta-feira numa sessão virtual organizada pelo Centro Saab de Estudos Portugueses da Universidade de Massachusetts, a que a Lusa assistiu.

"O que mais se destacou foi que as pessoas acreditavam que eram politicamente invisíveis", foi uma das conclusões mais evidentes quando, em trabalho para a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em meados de 1990, James McGlinchey pediu que os portugueses nos Estados Unidos escrevessem sugestões, comentários e pedidos.

À Lusa, James McGlinchey disse que "a invisibilidade é uma autoperceção" dos próprios membros da comunidade luso-americana e que, nestes casos, o número de pessoas nem é tão importante quanto o sentimento que o grupo transmite.

Acrescentando que o sentimento sobre a "invisibilidade" ou importância difere entre as populações de diferentes localidades, o investigador considerou que, principalmente na costa leste dos EUA, há uma "consciência crescente" do valor da participação política dos luso-americanos.

McGlinchey explicou que as pessoas tendem a ser "reticentes" em defender agendas quando sabem que os vizinhos não votam e quando não têm com quem partilhar esses interesses.

"Mas sabendo que tu votas e que os outros votam, vamos ser milhares e vamos dar impulso", disse o lusodescendente de terceira geração e antigo conselheiro para assuntos económicos da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa.

O responsável do projeto disse ter tido conhecimento da teoria da "regra dos 50%" na comunidade, que diz que 50% dos portugueses nos Estados Unidos não têm cidadania norte-americana e que, desses, apenas metade se registaria para votar, além de que, mais uma vez, metade dos que estão registados não chegaria a votar.

Mesmo que a teoria não esteja provada, "sendo real ou imaginada (...), se as pessoas acreditam, torna-se verdade", considerou, na apresentação organizada pelo Centro Saab de Estudos Portugueses da Universidade de Massachusetts.

Para aprofundar o estudo das comunidades luso-americanas, James McGlinchey fez viagens de vários dias pelos Estados Unidos, das quais retirou a conclusão de que as comunidades portuguesas localizadas em diferentes estados "não falavam entre si".

"Nova Jérsia não falava com Rhode Island, Rhode Island não falava com Massachussetts e Fall River não falava com New Bedford", exemplificou.

Mais do que isso, "algumas comunidades sentiam-se excluídas", enquanto outras eram "fortes", disse o responsável que, durante mais de 20 anos, foi oficial de serviços internacionais do Departamento do Estado norte-americano.

Depois destas conclusões, surgiu, em 1999, o Projeto de Cidadania Luso-Americana, no seio da FLAD, com os três principais objetivos de ajudar os imigrantes nos Estados Unidos a obterem cidadania norte-americana, assegurar que se registam para votar e, por fim, incentivá-los a votar.

O projeto, que o ex-coordenador sublinhou que era "completamente não partidário", propunha-se também envolver as organizações luso-americanas já existentes como "blocos de construção" e estruturas da participação política.

A iniciativa durou 16 anos e teve várias propostas e soluções, como a criação de cartões de eleitor para os luso-americanos das igrejas, a construção de bases de dados, verificação de resultados de participação e campanhas de incentivo ao voto.

Para James McGlinchey, uma das atividades mais positivas foi a organização de encontros dos candidatos políticos com as comunidades portuguesas, como "fóruns em que as preocupações de base da comunidade são apresentadas aos candidatos de forma apartidária".

Segundo o antigo coordenador, o projeto usufruiu de financiamento total de 1,3 milhões de dólares ao longo de 16 anos, provenientes de várias entidades, como a FLAD e o Governo Regional dos Açores.

O projeto encontra-se descrito no livro de língua inglesa "O Relatório Final: Uma História do Projeto de Cidadania Luso-Americana, 1999-2016", da autoria de James McGlinchey.

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