Líbia: Ancara responde a Paris e acusa França de "jogo perigoso"
A Turquia acusou hoje a França de "desempenhar um jogo perigoso" na Líbia ao apoiar as forças opostas ao Governo de Tripoli, devolvendo a fórmula utilizada na segunda-feira pelo Presidente Emmanuel Macron e que foi dirigida a Ancara.
© Reuters
Mundo Líbia
"Devido ao apoio que desde há anos concede aos atores ilegítimos, a França tem uma parte de responsabilidade importante na derrapagem da Líbia para o caos. Nesta perspetiva, é uma realidade que a França desempenha um jogo perigoso", declarou Hami Aksoy, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco.
Na segunda-feira, Macron tinha considerado que a Turquia "efetua um jogo perigoso na Líbia, onde Ancara apoia militarmente o Governo de Acordo Nacional (GAN) de Tripoli face às forças do marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste do país.
O marechal dissidente é apoiado pelo Egito, Emirados Árabes Unidos e Rússia. A França, apesar de se defender publicamente, é também acusada por Ancara e numerosos analistas de fornecer apoio a Haftar.
"Se Macron fizer recuar a sua memória e demonstrar o seu bom senso, deverá recordar-se que as dificuldades que a Líbia atravessa atualmente são devidas aos ataques do golpista Haftar e que apoia", declarou Aksoy em comunicado.
"Mesmo que o Presidente Macron se esforce por esconder esta realidade ao emitir acusações infundadas contra o nosso país, o povo líbio não esquecerá os danos provocados ao seu país pela França no prosseguimento dos seus interesses egoístas", acrescentou.
As relações entre Ancara e Paris, aliados na NATO, atravessam um momento de grande tensão devido às divergências sobre a Líbia e ao um incidente marítimo que envolveu navios dos dois países do Mediterrâneo.
A situação na Líbia degradou-se nas últimas semanas. Após vários meses de ofensiva em direção a Tripoli, as forças de Haftar registaram importantes reveses militares face ao GAN, apoiado por 'drones' [aparelho aéreos não tripulados] e conselheiros militares turcos.
As forças do GAN dirigem-se agora para a cidade costeira de Sirte (450 quilómetros a leste de Tripoli), um eixo estratégico em direção ao bastião de Haftar.
No sábado, o Egito advertiu que qualquer avanço dos pró-GAN em direção a Sirte implicaria uma intervenção "direta" do Cairo. O GAN, reconhecido pela ONU, considerou as ameaças do Egito uma "declaração de guerra".
Os dois campos rivais disputam o poder no país petrolífero, em situação de caos desde o derrube do regime de Muammar Kadhafi em 2011, na sequência de uma revolta interna e de uma decisiva intervenção militar da NATO, onde a França se destacou juntamente com Reino Unido e Estados Unidos.
A guerra civil na Líbia, que se agravou na sequência da ingerência externa, em particular do Egito, Emirados Árabes Unidos, França e Rússia em apoio a Haftar e, mais recentemente, da Turquia, Qatar e Itália em apoio ao campo oposto, provocou milhares de mortos e mais de 200.000 deslocados.
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