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Austrália abre investigação sobre detenção violenta de homem aborígene

A polícia australiana ordenou hoje uma investigação ao caso de uma detenção com recurso a violência de um homem aborígene em Adelaide (sul), num momento em que vários protestos na Austrália têm denunciado a discriminação dos povos autóctones.

Austrália abre investigação sobre detenção violenta de homem aborígene
Notícias ao Minuto

14:35 - 16/06/20 por Lusa

Mundo Autoridades

Segundo as agências internacionais, a detenção de contornos violentos, que ocorreu na segunda-feira à noite, foi denunciada por um vídeo publicado nas redes sociais, que mostrava vários agentes policiais a imobilizarem o aborígene, um homem de 28 anos, no chão.

No mesmo vídeo, era possível ver um polícia a bater no homem deitado no chão.

Após a denúncia, o responsável da polícia do estado da Austrália do Sul, Grant Stevens, confirmou a abertura do inquérito, avançando que vários agentes foram retirados das operações de patrulha e designados para tarefas administrativas, funções que irão cumprir até à conclusão da investigação.

"O vídeo que foi publicado nas redes sociais durante a noite suscitou evidentemente preocupações sobre a resposta da polícia", disse Grant Stevens.

As agências internacionais referem que no vídeo é possível ouvir as pessoas que estavam no local, algumas a filmar a detenção, a implorarem à polícia para libertar o suspeito.

As forças de segurança recorreram a gás pimenta para dispersar algumas pessoas que ficaram "agitadas" com a presença policial no local, indicou, por sua vez, um porta-voz da polícia num comunicado.

A polícia foi chamada ao local devido a um outro incidente, antes de deter o homem aborígene de 28 anos, suspeito de tráfico de drogas.

"O homem inicialmente mostrou-se cooperativo antes de começar a resistir. A polícia tentou deter o homem que resistiu e seguiu-se uma luta", precisou o mesmo porta-voz.

A Austrália tem sido palco há várias semanas de grandes protestos para denunciar, entre outras situações, a forma como as forças policiais tratam os aborígenes.

Estes protestos recentes surgiram na sequência da morte do afro-americano George Floyd nos Estados Unidos e do movimento "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam") que desencadeou protestos antirracismo e contra a violência policial em várias cidades do mundo.

Os aborígenes vivem na Austrália há mais de 40 mil anos, muito antes da chegada dos colonos europeus em 1788.

Atualmente, a população aborígene está estimada em 670 mil pessoas, numa população total australiana de 23 milhões de habitantes.

Apesar de serem uma minoria, este povo autóctone representa uma percentagem expressiva da população prisional do país.

Os recentes protestos também têm denunciado o número de aborígenes que têm morrido nas prisões, mais de 400 nos últimos 30 anos.

Apesar de várias dezenas de investigações e de vários vídeos a denunciar abusos policiais contra os aborígenes, nenhum processo acabou por ser instaurado.

Os sucessivos governos da Austrália têm sido incapazes, até à data, de colmatar o fosso entre os níveis de vida dos aborígenes e dos outros cidadãos australianos, uma realidade que o primeiro-ministro, Scott Morrison, voltou a classificar, em fevereiro passado, como uma "vergonha nacional".

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