Povo saiu à rua pelo 'Direito de Viver em Paz' e governo chileno soçobrou
As manifestações no Chile prosseguem, incessantes, e já obrigaram o presidente Sebastián Piñera a remodelar o governo. E, tal como aconteceu no tempo da ditadura de Pinochet, as canções de Victor Jara voltam a ser a banda sonora que envolve as multidões.
© Reuters
Mundo Chile
A decisão do governo chileno de aumentar o preço dos bilhetes do metro em Santiago foram o rastilho para uma onda de manifestações que Sebastián Piñera não poderia prever. Manifestações que estão para lá da revolta com a subida do preço dos bilhetes de metro (que foi suspenso dias depois pelo presidente chileno) e que se estendem a questões sociais mais significativas.
No centro dos protestos, estão as desigualdades sociais no Chile, mas também a quase total privatização do sistema de saúde e de educação e os elevados custos dos serviços públicos, de acordo com a Al Jazeera. A vida encareceu para muitos chilenos e as dificuldades acentuaram-se com os baixos salários e reformas.
Tudo isto motiva o protesto dos chilenos e nesta sexta-feira mais de um milhão de pessoas esteve nas ruas da capital Santiago para pedir uma mudança no país.
Acredita-se que esta foi a maior demonstração no Chile em muitas décadas, e já se fizeram comparações com as históricas manifestações de 1988 contra a ditadura militar de Augusto Pinochet.
Nas ruas muitas pessoas bateram em tachos e panelas e cantaram músicas como as de Victor Jara, cantor e ativista chileno, uma das milhares de vítimas do regime de Pinochet, que vigorou entre 1973 e 1990. A dada altura, milhares de manifestantes entoaram a letra de ‘El Derecho de Vivir en Paz’ (‘O Direito de Viver em Paz’), o tema de Jara que serviu para protestar contra a guerra no Vietname, e que deu ao mote às reivindicações dos chilenos.
Agora, tal como em 1971, para o Vietname, e para tantos outros pontos de globo, as canções de protesto de Jara continuam a ser a banda sonora de manifestações por maior justiça social.
Na sequência dos protestos que duram há mais de uma semana e da manifestação de grande dimensão desta sexta-feira, Sebastián Piñera fez uma remodelação de larga escala no seu executivo. “Pedi a todos os ministros para apresentarem a demissão para poder formar um novo governo e poder responder às vossas exigências", declarou o Chefe de Estado numa mensagem ao país.
O presidente também adiantou ter intenções de levantar o estado de emergência “se as circunstâncias o permitirem”.
Os protestos e a repressão dos mesmos por parte das autoridades chilenas já resultou na morte de 19 pessoas, em centenas de feridos e em milhares de pessoas detidas.
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