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Negociações políticas previstas para hoje no Sudão foram suspensas

As negociações previstas para hoje entre o movimento de contestação e os militares no poder no Sudão para discutirem dois pontos em que as partes permanecem em desacordo sobre a partilha do poder, foram adiadas, disseram hoje líderes do movimento.

Negociações políticas previstas para hoje no Sudão foram suspensas
Notícias ao Minuto

13:14 - 19/07/19 por Lusa

Mundo Sudão

"As negociações foram adiadas", disse Omar al-Digeir, um dirigente do movimento de contestação.

"Nós precisamos de fazer mais algumas consultas para tomarmos uma posição mais consensual", sublinhou o mesmo responsável, sem precisar uma nova data para o recomeço das negociações.

Um outro líder do movimento, Siddig Youssef, também confirmou a suspensão das negociações.

O Conselho Militar de Transição (CMT) sudanês e o movimento de contestação que pede uma liderança civil assinaram a 17 de julho último, na capital do país, Cartum, um documento que estabelece os contornos para um acordo de partilha de poder.

A cerimónia aconteceu depois de uma maratona negocial durante a noite que antecedeu aquele dia, marcando um importante passo para o alcance de um governo de transição civil, três meses depois de os militares afastarem o então Presidente, Omar al-Bashir.

O documento assinado pretende estabelecer um conselho soberano conjunto entre civis e militares e que deverá governar o Sudão durante cerca de três anos, até às próximas eleições.

Este conselho soberano de 11 membros seria encabeçado por um militar nos primeiros 21 meses e por um líder civil nos 18 meses seguintes.

O acordo representa uma cedência de uma das principais reivindicações dos manifestantes, que exigiam uma passagem imediata do poder para os civis.

O movimento de contestação deverá nomear membros do Governo, com os dois lados a acordar um corpo legislativo dentro dos três meses seguintes ao início da transição.

Ainda assim, militares e oposição civil não alcançaram um acordo quanto à divisão de poderes entre o conselho soberano, o Governo e o corpo legislativo, que deve estar consagrado num documento constitucional.

Este documento deverá ainda estabelecer os termos de uma potencial imunidade para os líderes militares quanto à violência que em junho matou mais de cem pessoas.

"Esta é a grande barreira. O futuro do Sudão após al-Bashir vai ser definido por esta declaração constitucional", afirmou Rasha Awad, editor do jornal sudanês Altaghyeer, citado pela agência Associated Press.

As organizações responsáveis pelos protestos acusam os militares de matar pelo menos 128 pessoas durante as manobras de repressão das manifestações em junho, um número rejeitado pelas autoridades, que registaram 61 mortos, entre os quais três membros das forças de segurança.

Ambos os lados defendem uma investigação da violência usada.

A assinatura do acordo foi transmitida pela televisão estatal sudanesa e surge depois de um encontro apadrinhado pelos Estados Unidos, Reino Unido, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

"Estamos a entrar numa nova era", afirmou Ibrahim al-Amin, um dos responsáveis das negociações pelo lado das Forças da Liberdade e Mudança, uma coligação que inclui sindicatos, partidos políticos e outros grupos da sociedade civil.

"O próximo Governo será um Governo de todos os sudaneses para todos os cidadãos (...) sofremos o suficiente com o regime totalitário ditatorial", acrescentou.

Os militares, liderados pelo general Mohammed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, chegaram ao poder depois de derrubarem o presidente al-Bashir, sendo que uma das unidades do CMT, as Forças de Apoio Rápido (RSF) é acusada da violência no início do mês passado.

O ex-chefe de Estado do Sudão, Omar al-Bashir, foi destituído pelo Exército em 11 de abril, depois de mais de quatro meses de contestação popular, inicialmente motivada pelo aumento dos preços do pão e de outros bens essenciais. Os protestos acabaram por transformar-se num movimento contra o chefe de Estado, que liderava o país desde 1989, quando chegou ao poder através de um golpe de Estado.

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