Guiné-Bissau: Oito horas à espera de ouvir o líder discursar dez minutos
Nadine tem 18 anos acabados de fazer e veio até Pitche para um comício agendado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau para as 14h e que só começou depois das 22h de quarta-feira.
© Lusa
Mundo Eleições
Nadine veio de uma tabanca (aldeia) a cinco quilómetros de Pitche, perto da fronteira com o Senegal, "para ouvir o 'DSP'" (Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC). "Estou aqui há oito horas, estou por gosto, ninguém me pagou, mas cansa e a música é sempre a mesma", disse, sorrindo, visivelmente cansada a poucos minutos do início do comício.
A seu lado, dezenas de pessoas faziam uma guarda de honra para receber Domingos Simões Pereira que foi pedir o voto e a maioria absoluta nas eleições legislativas de domingo.
"A maioria absoluta vai ser nossa", prometeu Domingos Simões Pereira numa região (Gabu) que os analistas consideram ser decisiva para o resultado final das legislativas.
Bacar Camará é candidato por Pitche e foi um dos protagonistas da noite, apelando, com a voz rouca, aos apoiantes para que se "mantenham juntos" à espera do líder.
E, pelo meio explicou que "toda a gente sabe como o presidente (do PAIGC) é. Ele para numa tabanca aqui e para em todo o lado a cumprimentar todos".
À Lusa, admitiu que o círculo de Pitche é importante porque elege quatro deputados e que a maioria absoluta vai "ser conquistada voto a voto".
Mas se, por hipótese, o PAIGC não conseguir a maioria absoluta, Camará recusa qualquer coligação ou acordo com os deputados que saíram do partido para fundar o Movimento Alternativa Democrática (Madem).
Hoje, o PAIGC não é apenas o partido que fez a independência do país, salientou Camará, considerando que a maior formação política do país conseguiu "evoluir" e criar uma nova geração de quadros que tem em Domingos Simões Pereira o escolhido.
"Somos um partido de académicos e licenciados prontos para servir a Guiné-Bissau", disse.
Mas para Nadine as coisas são mais simples e o PAIGC é o mesmo de sempre.
"É a primeira vez que vou votar e vai ser no PAIGC. Não só eu, toda a minha família. Somos todos PAIGC, porque o PAIGC nos deu a independência", disse, enquanto recuava às ordens dos seguranças que alargaram o perímetro para receber Domingos Simões Pereira.
"Estive cá estas horas, mas também não tinha mais que fazer. Quando cheguei aqui, disseram que era às cinco e agora é quando for. Também estive aqui com amigas", acrescentou a jovem, vestida com a 't-shirt' vermelha do partido de Amílcar Cabral.
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