Staffan de Mistura falava na Jordânia, depois de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ayman Safadi, que declarou que a "posição firme" da Jordânia é que deve ser encontrada uma solução política e que "tem de se pôr fim à destruição e à matança para que a Síria possa recuperar e retome o seu papel como marco na região".

No mês passado, numa reunião no Cazaquistão, as partes em conflito na Síria e os mediadores não conseguiram alcançar um acordo para a formação de uma comissão constitucional, fundamental para pôr termo a sete anos de guerra civil. De Mistura comentou, na altura, que tinha sido "uma oportunidade perdida".

Em causa está a delegação de 50 elementos, que inclui especialistas sírios, membros da sociedade civil, líderes tribais e mulheres, que De Mistura foi autorizado a compor pelos países participantes numa conferência para a paz na Síria organizada pela Rússia na estância balnear de Sochi, no mar Negro, a 30 de janeiro deste ano.

Já se chegou a acordo quanto a uma delegação governamental de 50 membros e outra de igual tamanho da oposição para integrar a comissão de redação.

O Presidente sírio, Bashar al-Assad, disse que o seu Governo só aceitará alterações à atual Constituição, desafiando o acordo de Sochi sobre a redação de uma nova lei fundamental pelo Governo, a oposição e independentes.

"Ainda estamos a trabalhar para garantirmos que, se pudermos, haverá um anúncio de alguma coisa que se assemelhe a uma comissão constitucional. Se não conseguirmos, teremos nós mesmos de daí retirar algumas conclusões", disse De Mistura, cujo mandato termina no final deste ano.

"Precisamos de tentar tudo para realmente ajudarmos o processo político na Síria a avançar", acrescentou o enviado especial da ONU, indicando que provavelmente apresentará o seu último balanço ao Conselho de Segurança a 20 de dezembro e que nessa altura avaliará "em que ponto se está quanto à comissão constitucional".

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) divulgou um balanço atualizado das vítimas da guerra civil síria, que indica que cerca de 560.000 pessoas foram mortas desde que eclodiu, em março de 2011.

A organização precisou que tem registos da identidade de 367.965 dos mortos.

O balanço atualizado foi divulgado para assinalar o 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O OSDH referiu que entre as vítimas mortais do conflito sírio há 111.330 civis, 65.048 militares e 50.296 combatentes armados pró-governo sírio, além de 65.108 rebeldes e 2.619 desertores do exército.

Sete anos de guerra fizeram também mais de um milhão de feridos e obrigaram à deslocação de metade dos 23 milhões de pessoas que compõem a população da Síria, dos quais 5,6 milhões são refugiados, na maioria na Turquia, na Jordânia e no Líbano.