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May, rascunho para o Brexit e vaga de demissões... O que aconteceu ontem?

Durante esta quinta-feira sete membros do governo britânico apresentaram a sua demissão devido ao acordo alcançado para o Brexit.

May, rascunho para o Brexit e vaga de demissões... O que aconteceu ontem?
Notícias ao Minuto

08:40 - 16/11/18 por Sara Gouveia

Mundo Reino Unido

Esta quinta-feira foi marcada por uma onda de demissões no governo britânico. Depois da aprovação do rascunho do acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, esta quarta-feira, tanto o acordo, como a primeira-ministra britânica começaram a ser atacados por diferentes lados. Determinada, Theresa May quer que o acordo do Brexit seja aprovado e garante querer continuar à frente do governo. Mas se inicialmente o governo aprovou o rascunho, no dia seguinte a história foi bem diferente.

Tudo começou com o ministro de Estado para a Irlanda do Norte, Shailesh Vara, e seguiu-se o próprio ministro para o Brexit, Dominic Raab - o homem encarregue das negociações do acordo decidiu que já não estava disponível para aquela função porque não acreditava naquilo que tinha ajudado a negociar.

"Não posso em consciência apoiar os termos propostos no nosso acordo com a União Europeia", escreveu Raab na sua carta de demissão, acrescentando, no entanto, que tem um "grande respeito" por Theresa May e elogiando a capacidade de luta que tem tido ao longo de "tempos difíceis".

As demissões foram-se acumulando e ao final do dia de ontem já eram sete, entre ministros, ministros 'júnior' e secretários de Estado. Pelo caminho acabaram por ficar a ministra do Trabalho e das Pensões, Esther McVey, o secretário de Estado da Justiça, Ranil Jayawardena, a ministra 'júnior' para o Brexit, Suella Braverman, e a secretária parlamentar para a Educação, Anne-Marie Trevelyan. Mais tarde nesse dia, foi a vez de Rehaman Chishti se demitir da vice-presidência do partido Conservador.

Esse foi o mesmo dia em que Theresa May teve de ir ao Parlamento tentar convencer os deputados de que o acordo técnico era o mais adequado e que deveria por isso ser apoiado. 

Mas acabou a ser recebida com gritos de "demissão", tendo sido obrigada a relembrar os membros da Câmara dos Comuns de que este não "não é o acordo final", mas um "rascunho". Referiu, ainda, que este é do interesse nacional e permite sair da UE "de forma suave e ordeira".

A primeira-ministra explicou ainda que quando um acordo for final e o trouxer ao Parlamento, vai pedir aos membros para pensarem no interesse nacional e para o apoiarem.  "Votar contra o acordo levar-nos-ia à estaca zero”, atirou. “O povo britânico quer que isto avance".

Mas convencer os deputados vai ser a parte provavelmente mais difícil deste processo, pois durante a sessão no Parlamento os golpes foram-se acumulando. Desde o líder do Partido Trabalhista , Jeremy Corbyn, ter classificado o acordo como "mal amanhado" e dar conta a May de que "não tem o apoio" nem do Governo, nem da Câmara dos Comuns, nem do país, até ao DUP, aliado da primeira-ministra, mas que deixou no ar a possibilidade de contribuir para derrubar o acordo, com o seu líder a recusar fazer perguntas a May porque "a primeira-ministra claramente não ouve".

A governante viria, depois, a protagonizar uma conferência de imprensa, garantindo que "não julgará os que decidiram abandonar o seu governo", e agradecendo pelo serviço que prestaram. Contudo, disse acreditar "com todo o seu ser" que o destino que escolheu para o país é o mais acertado. "Vou fazer o meu trabalho para garantir o melhor acordo possível para o Reino Unido", atirou, concretizando:  Liderança consiste em tomar as medidas certas e não as mais fáceis".

Mas o caminho não está fácil para May nem dentro do seu próprio partido. O golpe final veio dos conservadores eurocéticos que desencadearam um pedido de moção de censura à primeira-ministra. O tiro de partida foi dado pelo deputado conservador, Jacob Rees-Mogg, que enviou uma carta a exigir uma moção de censura à líder do seu partido para o líder do 'Comité 1922', e se se seguirem outras 47 iguais será uma questão de tempo até ser marcada uma reunião para decidir quem será o substituto de May. O escolhido será também primeiro-ministro, tendo em conta que May é a atual chefe do executivo.

Mesmo que Theresa May acabe por ficar no cargo, nada garante que algum tipo de acordo de Brexit acabe por ser aprovado. Mas, por enquanto, vai conseguindo resistir a demissões e ameaças.

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