Associação preocupada com "dinâmica de confrontação" dos separatistas
A principal associação cívica da Catalunha que se opõe à independência desta região espanhola manifestou hoje em Madrid a sua "preocupação" pela atual "dinâmica de confrontação" dos separatistas.
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Mundo Catalunha
"Preocupa-nos muito esta dinâmica" de confronto, disse o presidente da Sociedade Civil Catalã (SCC), José Rosinol, a um grupo de jornalistas correspondentes em Espanha, entre os quais o da agência Lusa, assegurando que esta organização vai "fazer todos os possíveis para baixar a tensão".
Os grupos independentistas, incluindo o atual Governo regional, estão a organizar uma série de manifestações para este outono, a primeira das quais para assinalar, em 01 de outubro próximo, o dia em que se realizou, há um ano, um referendo na Catalunha sobre a autodeterminação da região.
"Espero que me engane, mas receio que vamos ter um certo grau de confrontos na rua", disse José Rosinol, que em seguida criticou o atual presidente do Governo regional, o independentista Quim Torra, por "não fazer nada" e continuar a falar da necessidade de "combate, mobilização popular e mesmo revolução".
O processo de independência da Catalunha foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol decidiu intervir na Comunidade Autónoma na sequência da realização de um referendo de autodeterminação organizado pelo executivo regional independentista em 01 de outubro do mesmo ano e que foi considerado ilegal.
"O que se passa na Catalunha é fruto da decomposição e fracasso do processo independentista do ano passado", afirmou José Rosinol, mostrando-se convencido de que os dirigentes separatistas estão a "tentar fazer a gestão da frustração de grande parte da população catalã", porque "o processo [de independência] está morto".
A SCC lamentou que não tenha sido possível até agora falar com as organizações cívicas que defendem a independência sobre as formas possíveis para baixar a tensão e acabar com a fratura social entre catalães.
Tanto a Assembleia Nacional Catalã como a Omnium Cultural só aceitam reunir-se com a SCC quando esta pedir a liberdade para o que consideram ser os "presos políticos" que aguardam julgamento nas prisões, segundo Rosinol.
"Nós não queremos avaliar a situação judicial de ninguém" e "apenas queremos falar sobre a situação social na Catalunha", acrescentou o presidente da SCC.
As eleições regionais, que se realizaram a 21 de dezembro, voltaram a ser ganhas pelos partidos separatistas.
Nove dirigentes separatistas estão presos à espera de julgamento por delitos de rebelião, sedição e/ou peculato pelo seu envolvimento na tentativa falhada em 2017 de separar a Catalunha da Espanha.
O principal líder independentista, o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, vive exilado na Bélgica, depois de a Justiça espanhola não ter conseguido a sua extradição da Alemanha, para ser julgado por crime de rebelião.
Para José Rosinol o que se passa na Catalunha "é um sintoma de uma doença europeia" em que vários populistas tentam dividir e enfraquecer a União Europeia (UE).
"Ou temos uma UE forte ou não temos UE", sendo muito "perigoso" acabar com a forma como os Estados-membros estão organizados, defendeu o presidente da associação cívica catalã.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma dimensão de um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.
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