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Poeta árabe israelita condenada a cinco meses de prisão devido a poema

Justiça israelita considerou que os poemas publicados nas redes sociais por Dareen Tatour, em 2015, incitaram à violência contra Israel e que demonstraram apoio a grupo terrorista.

Poeta árabe israelita condenada a cinco meses de prisão devido a poema
Notícias ao Minuto

16:39 - 31/07/18 por Pedro Bastos Reis

Mundo Dareen Tatour

A poeta árabe israelita Dareen Tatour foi condenada a cinco meses de prisão por incitar ao terrorismo num dos seus poemas publicados nas redes sociais.

Depois de ser presa em outubro de 2015, Tatour acabou por ser colocada em prisão domiciliária, aguardando pela decisão da justiça israelita.

Para as autoridades, Tatour, acusada de ser simpatizante da Jihad Islâmica e do Hamas, com os seus poemas, incentivou o ódio contra Israel e apelou a ataques terroristas contra o estado hebraico.

Dareen Tatour, de 36 anos, foi detida em 2015 devido a um vídeo nas redes sociais em que lê o seu poema 'Resiste, meu povo, resiste', numa altura em que milhares de palestinianos saíram às ruas para protestar contra a ocupação israelita, registando-se, no mesmo período, uma série de ataques, sobretudo com recurso a facas, em território israelita.  

O caso da poeta e ativista, que sempre negou que os seus poemas tinham como objetivo incentivar o terrorismo, ultrapassou fronteiras e chamou a atenção para o policiamento feito nas redes sociais por parte de Israel, gerando um debate em torno da liberdade de expressão. 

Tatour considera que o seu poema foi mal interpretado pelas autoridades israelitas, realçando que ao invés de fomentar a violência, o seu objetivo é apelar à resistência pacífica. Mas, esta terça-feira, foi condenada a cinco meses de prisão.

"Eu não esperava que fosse feita justiça. O caso foi político desde o início, porque sou palestiniana e apoio a liberdade de expressão", referiu a poeta, citada pela Reuters. 

No passado dia 18 de julho, o parlamento israelita preparava-se para aprovar um projeto de lei que dava mais poderes ao sistema judicial de forma a que este pudesse exigir a empresas como o Google ou o Facebook para que bloqueassem publicações nas redes sociais que fossem vistas como incitamento à violência contra Israel. 

Horas antes da votação, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, desistiu do projeto, por considerar, que a lei poderia dar azo a muitas interpretações que poderiam limitar a liberdade de expressão. 

Árabe israelita, Tatour faz parte de uma minoria em Israel composta por descendentes palestinianos que, em 1948, data da fundação do estado de Israel, não abandonou as suas casas, ao contrário dos milhares que foram obrigados a fugir ou mortos pelo exército israelita.  

Cerca de um quinto da população israelita pertence a esta minoria, e a condenação de Dareen Tatour surge numa altura em que Israel aprovou uma lei que consagra o país como nação judaica, assim como o lar do povo judaico e define o hebraico como única língua oficial, relegando o árabe, até então língua oficial juntamente com o hebraico, para segundo plano.

"O meu julgamento fez cair as máscaras", disse, em maio, Dareen Tatour. "O mundo inteiro vai ouvir a minha história. O mundo inteiro vai ouvir que democracia é Israel. Uma democracia só para os judeus. Só os árabes é que vão presos", disse a poeta, dois meses antes da aprovação da polémica lei que gerou condenação um pouco por todo o mundo. 

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