Berardo: "Se fosse hoje vendia as acções e ia-me embora"
O empresário Joe Berardo disse, esta quarta-feira, em tribunal que, caso fosse hoje confrontado com os documentos que o levaram a denunciar antigos gestores do BCP, não os entregaria às autoridades e venderia a sua participação no banco.
© Lusa
Economia Caso BCP
"Se fosse hoje, eu vendia as acções [do BCP] e ia-me embora", afirmou o accionista de referência do banco fundado por Jardim Gonçalves, no decorrer do seu testemunho no julgamento do processo-crime instaurado pelo Ministério Público contra quatro antigos altos quadros do banco.
Berardo, que foi arrolado como testemunha de acusação neste processo-crime movido pelo Ministério Público, justificou esta posição com os incómodos que a denúncia de alegadas práticas de irregularidades lhe trouxe.
"Eu nunca mais vou fazer denúncias de ninguém", afirmou o responsável perante o colectivo de juízes, queixando-se de ser chamado a depor em tribunal em diferentes processos, com prejuízos pessoais.
O empresário madeirense revelou que teve "diversas propostas para sair do banco" na altura em que começaram a surgir notícias sobre possíveis irregularidades da gestão do BCP.
"Eu não podia largar a guerra. Foi uma má decisão de negócio, porque podia ter vendido a três ou quatro euros cada acção e agora [o preço] está nos 6 e 7 cêntimos, mas não de coerência", sublinhou Berardo.
"Entrei nesta guerra para defender o meu investimento e o dos outros milhares de accionistas e agi contra o abuso de poder que estava a ser fomentado por Jardim Gonçalves", reforçou.
"Se eu vendesse as acções ficava mal comigo próprio. Deixava a batata quente para os outros", frisou o empresário.
O Ministério Público acusa dois antigos presidentes do BCP, Jardim Gonçalves e Filipe Pinhal, e dois ex-administradores do banco, Christopher de Beck e António Rodrigues, dos crimes de manipulação de mercado e falsificação de documentos, tendo o julgamento arrancado no final de Setembro do ano passado nas Varas Criminais de Lisboa.
Joe Berardo já tinha sido chamado a testemunhar nos processos do Banco de Portugal (que conta com sete arguidos) e da CMVM (nove arguidos), contudo, na altura (meados de Setembro de 2011 e início de Setembro de 2012, respectivamente), por iniciativa dos advogados de defesa dos arguidos.
Em ambas as ocasiões, o empresário madeirense reiterou em tribunal que desconhece a procedência dos envelopes que continham documentação sobre alegadas operações ilegais da gestão do BCP, que o levaram em 2007 a fazer uma denúncia às autoridades.
Uma informação que hoje voltou a prestar à juíza que preside ao colectivo de juízes responsável pelo julgamento do processo-crime.
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