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Escultora relança estuque preservando as técnicas

Devolver ao estuque a importância de outros tempos, em Portugal e no mundo, através da criação de novas peças, contemporâneas mas construídas a partir das técnicas tradicionais, é um das apostas de uma escultora de Viana do Castelo.

Escultora relança estuque preservando as técnicas
Notícias ao Minuto

07:19 - 09/03/15 por Lusa

Cultura Viana do Castelo

"É nesse mercado que estou a tentar entrar e a trabalhar. (...) É mais fácil lá fora do que cá dentro. Mas, aos bocadinhos, também estou a conseguir em Portugal", disse à Lusa Iva Viana, de 34 anos.

Natural da capital do Alto Minho, a escultora está a apresentar desde sábado, na cidade que escolheu para trabalhar, a sua primeira mostra individual.

Estuques inéditos, executados de raiz, onde, pela primeira vez introduz a cor, contrariando o elemento fundamental (matéria-prima) que constituem a base e o mote principal do seu trabalho.

Iva Viana acredita ter conseguido "ganhar espaço" numa área dominada por homens.

Admitiu não ter sido fácil, mas o "portefólio monstruoso" que criou desde 2007, quando foi convidada para trabalhar para uma empresa internacional de gessos decorativos, permitiu-lhe "ser entendida de outra forma" e "ganhar espaço nesta área".

O conhecimento da arte de "explorar" as técnicas tradicionais de modelação de estuques aprendeu-o com "os antigos estucadores", muitos deles já reformados, indo ao seu encontro e trazendo-os ao seu ateliê.

"Foi uma partilha muito boa, estar perto destas pessoas, com quem aprendi muito", sublinhou.

Há dois anos decidiu lançar-se sozinha e instalar o ateliê na terra natal, o que não a impossibilitou de conquistar o mundo.

"Consigo chegar aos outros lados todos. Neste momento estou em contacto com a Austrália, Brasil, França", sustentou a escultora, licenciada em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes do Porto.

A criação de 18 molduras, para telas, para o cliente francês é atualmente o projeto em que concentra "todas as suas forças".

Chegam a ser mais de sete horas diárias de um processo criativo que pode demorar entre três meses a dois anos. Ganha forma no barro, "a parte mais criativa", passa pelo silicone, para reproduzir os elementos que vão dar forma à peça final.

O primeiro trabalho para Lisboa está na calha. É uma das "grandes obras" que tem em carteira, mas sobre as quais que não quer falar muito.

"Finalmente estou a conseguir entrar na capital. Estou muito contente", confessou.

Desvendou também que vai criar objetos de autor encomendados pela Câmara Municipal de Ovar.

Da cidade que a viu nascer e, agora a crescer como artista, ainda não recebeu propostas. "Tenho tempo para trabalhar aqui. Não há problema nenhum", observou.

Ansiosa por sentir a reação do público ao elemento "cor" que decidiu introduzir nas suas peças, Iva Viana preparou ao pormenor a exposição intitulada "Estuque", que até dia 11 de abril, está patente no espaço "Objetos Misturados", promovida pelo "Inauguro", um grupo de artistas, do qual faz parte, que a cada seis semanas promove diferentes exposições em vários espaços de Viana do Castelo.

Pelo mundo, Iva Viana já tem obras expostas no Four Seasons, em Londres, ou no Shangri-La, em Paris. Trabalhos que lhe deram "muito gozo" fazer e que marcaram o início da "paixão" pela arte de modelar o estuque, aprofundada nos seis anos em que criou para a empresa estrangeira.

Da inspiração, aliada ao carinho que empresta a cada trabalho, nascem as peças de Iva Viana, para quem os trabalhos em estuque nunca passam "despercebidos".

"Durante o período da faculdade, vivi numa casa estucada e não tenho uma única fotografia desses tetos. A partir do momento em que comecei a trabalhar nesta área, isso tornou-se impossível. Não me passam despercebidos, de todo. Comecei a vê-los de outra forma, com mais carinho", contou.

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