Paulo Campos nega que Governo de Passos "tenha poupado mil milhões"
O ex-secretário de Estado das Obras Públicas Paulo Campos negou hoje que o Governo de Passos Coelho tenha poupado mil milhões de euros na obra do túnel do Marão, contrapondo que os encargos do Estado até aumentaram.
© Lusa
Política Túnel do Marão
Paulo Campos, secretário de Estado entre 2005 e 2011 nos governos socialistas de José Sócrates, reagiu à posição assumida à agência Lusa pelo ex-primeiro-ministro e presidente do PSD, Passos Coelho, segundo a qual o seu executivo resgatou a concessão para a construção da parte da Autoestrada do Marão [Porto/Vila Real], "o que permitiu, apesar dos inconvenientes resultantes do atraso na conclusão da obra, ainda assim poupar cerca de mil milhões de euros ao erário público".
Logo após a posse de Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro, em junho de 2011, a construção da Autoestrada do Marão [A4], que inclui um túnel rodoviário de 5,6 quilómetros, foi suspensa.
Perante estas afirmações de Pedro Passos Coelho, o dirigente socialista Paulo Campos enviou à agência Lusa uma cópia da auditoria encomendada em 2012 pelo executivo PSD/CDS à Ernst & Young sobre os custos de 36 parcerias público privadas (PPP), onde se inclui a obra do túnel do Marão.
"Como se evidencia nesse estudo encomendado pelo Governo de Pedro Passos Coelho, mais especificamente na página 68, em 2012, o custo estimado para a obra era em valores atuais líquidos de 166 milhões de euros a serem pagos em 30 anos. O que sabemos já hoje, na sequência da intervenção do anterior Governo PSD/CDS, é que o Estado, também em valores líquidos atuais, já pagou à cabeça 400 milhões de euros", sustentou o dirigente socialista.
O ex-secretário de Estado dos governos de José Sócrates advertiu ainda que, pelo atual contrato, "o Estado é ainda responsável por diversos custos e riscos que antes eram dos privados".
"Portanto, as contas finais desta obra só poderão ser feitas mais à frente, mas é óbvio que a declaração de Passos Coelho à agência Lusa não é mais do que uma declaração para fugir às suas responsabilidades", acusou.
Para Paulo Campos, além da questão dos custos financeiros, o anterior Governo PSD/CDS "é responsável por, durante 1270 dias, o túnel do Marão não ter estado disponível para as pessoas, não ter contribuído para o desenvolvimento de Trás-os-Montes e não ter contribuído para a criação de emprego e para a redução da sinistralidade rodoviária".
"Também para aqueles que sistematicamente andaram a dizer que o Estado não tem competência para celebrar contratos que o defendam, observe-se então a decisão tomada em tribunal arbitral sobre o túnel do Marão. Uma decisão que ilibou o Estado de qualquer pagamento [ao anterior concessionário] para além do valor da obra executada", acrescentou o ex-secretário de Estado socialista.
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