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Ana Gomes alerta para "deriva preocupante" dos socialistas do MPLA

A socialista Ana Gomes alertou hoje para a "deriva preocupante" do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder e da mesma família política que a atual eurodeputada recorda ter proposto para integrar a Internacional Socialista.

Ana Gomes alerta para "deriva preocupante" dos socialistas do MPLA
Notícias ao Minuto

19:12 - 01/08/15 por Lusa

Política Angola

Ana Gomes falava numa conferência de imprensa de balanço sobre a visita que promoveu a Angola para avaliar o nível do respeito dos direitos humanos no país, a convite da Associação Justiça, Paz e Democracia angolana, e disse não estar arrependida de ter proposto essa adesão, desbloqueando então o processo junto do PS português, que se opunha.

Assumiu que desde 2003, quando se concretizou a adesão do MPLA à Internacional Socialista - um ano após o fim da guerra civil angolana -, foram dados "passos importantes e "notáveis" e que o desenvolvimento do país "tem beneficiado muitos angolanos".

"Mas, ao mesmo tempo, também houve uma deriva muito preocupante. Ao nível da falta de transparência na prestação de contas do Governo, do enriquecimento obsceno de uns tantos no poder à conta do orçamento do Estado, dos recursos do Estado, retirando naturalmente ao benefício da população", disse a eurodeputada socialista.

Apontou ainda a "restrição dramática" do espaço mediático e de intervenção das organizações como um retrocesso nos últimos anos, nomeadamente pelo condicionamento das instituições "que podem fazer o escrutínio da governação e o cumprimento da Constituição e do respeito pelos Direitos Humanos".

"Ancorar o MPLA aos princípios democráticos da família socialista é fundamental, é um encorajamento, é elevar o nível de exigência, não é menos. E, portanto, eu não me arrependo de ter feito isso e acho que há muita gente no MPLA que esquecer isso, só que essa gente [no partido] está silenciada. Muitos estão comprados, anulados, outros estão silenciosos", atirou.

A eurodeputada socialista admite levar desta visita a Luanda preocupações redobradas com o cumprimento dos Direitos Humanos, que serão plasmadas, com recomendações, num relatório informal a entregar nas instâncias europeias contra as "considerações de conveniência sobretudo económica dos Estados-membros" que diz orientarem a União Europeia em Angola.

Ao longo de uma semana, Ana Gomes analisou no terreno e com governante angolanos as várias detenções de ativistas, a condenação do jornalista Rafael Marques e a detenção de outros profissionais da comunicação social, bem como o alegado massacre ocorrido no Huambo nos confrontos entre a polícia e seguidores da seita religiosa "A luz do mundo".

As dificuldades à realização de manifestações ou a utilização de órgãos de comunicação social públicos como "instrumentos de propaganda" foram outras preocupações apontadas pela eurodeputada, entretanto acusada pelo poder angolano de "ingerência" nos assuntos nacionais.

Ainda assim, assumiu que vai propor que o apoio financeiro comunitário a Angola "seja intensificado", mas "direcionado para projetos que ajudem na capacitação da sociedade civil, de quem defende os direitos humanos, a democracia e a transparência e boa governação".

Neste regresso a Angola, Ana Gomes garante que encontrou uma sociedade "menos tolerante" à falta de transparência na gestão dos recursos e à corrupção no Estado e que tem hoje "uma voz" na contestação, mesmo perante "atitudes totalitárias" do partido que diz ser da sua família política.

Isto numa altura em que também reconhece que se agrava a "tensão económica e política" e com o "terror do regresso à guerra" utilizado com arma política pelo partido no poder desde 1979.

"O que eu espero é que haja gente e massa crítica no MPLA para perceber que este caminho é um caminho de desastre para o próprio MPLA e para Angola, é uma questão de tempo. É fundamental o MPLA regenerar-se e voltar à boa linha democrática e socialista", rematou.

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