Trabalhadores da hotelaria contra congelamento dos salários
Mais de 130 trabalhadores da hotelaria e do turismo manifestaram-se hoje, em Lisboa, contra o congelamento dos salários e por uma contratação coletiva que não seja usada pelos patrões como "um instrumento de tortura" dos funcionários.
© Reuters
Política Manifestação
Concentrados em frente da sede da Confederação do Turismo Português (CTP), os trabalhadores e os dirigentes sindicais afetos à CGTP, exigiram a atualização dos salários que dizem estar "praticamente todos congelados" nos últimos quatro anos.
O coordenador da Frente dos Sindicatos da Hotelaria e Turismo de Portugal, Joaquim Pires, disse que "a situação dos trabalhadores é muito complicada, pois os contratos no setor estão praticamente todos congelados e a atualização média dos salários entre o norte, o centro e o sul tem um atraso quatro anos".
"O contrato coletivo está a ser usado pelos patrões, não como um instrumento de progresso social - onde estão os direitos e os deveres, e que devem ser mudados -, mas como um instrumento de tortura para os trabalhadores nos locais de trabalho", lamentou Joaquim Pires.
O dirigente sindical afirmou ainda que há 300.000 trabalhadores, em diferentes categorias, que são abrangidos pela Contratação Coletiva de Trabalho e que têm salários congelados, "muitos" dos quais não chegam ao salário mínimo nacional de 485 euros.
"Se aliarmos a isto a atual situação social, agravada pelo aumento da carga fiscal e a brutal subida do custo de vida, os trabalhadores do setor estão numa situação muito precária", lamentou.
Joaquim Pires destacou também o facto de os patrões terem feito "sucessivas investidas" à mesa das negociações que vão no sentido de "não reverem os contratos de forma digna e leal".
"É incompreensível esta atitude num setor, o do turismo e da hotelaria, que tem tido nos últimos dois anos resultados excelentes, que estão acima dos 5% nas dormidas dos hóspedes e dos proveitos, e isso não tem tido correspondência no aumento dos salários", frisou.
Uma delegação de cinco dirigentes sindicais entregou uma moção a um representante da CTP, e nela se defende um aumento salarial, a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, além da revisão do contrato coletivo e de negociações assentes "numa base positiva e de boa-fé".
A CTP, segundo o Joaquim Pires, manifestou a sua disponibilidade para se reunir com a Frente dos Sindicatos da Hotelaria e Turismo de Portugal e os sindicatos representativos do setor, pelo que hoje esta estrutura sindical vai enviar um pedido à "cúpula patronal" do setor da hotelaria e do turismo para ser agendado um encontro.
Os sindicatos reclamam, como base de partida, "uma valorização imediata" dos salários com um crescimento mínimo de 30 euros e um euro por dia para cada trabalhador.
"Se a inflação há dois anos estava na casa dos 7% e se o agravamento fiscal foi de 8,7%, os salários dos trabalhadores degradaram-se em mais de 15% e isto é uma redução brutal que tem de ser corrigida", salientou.
Daí que os trabalhadores "não aceitem os salários atuais" e se manifestem pela "melhoria das condições laborais e de vida", concluiu.
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