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"Objetivos do Milénio ficaram aquém do desejado"

A investigadora e deputada portuguesa Mónica Ferro afirmou hoje à agência Lusa que Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) delineados em 2000 pela ONU ficaram "aquém do desejado", apesar de alguns "grandes sucessos".

"Objetivos do Milénio ficaram aquém do desejado"
Notícias ao Minuto

16:04 - 19/03/15 por Lusa

Mundo Mónica Ferro

Mónica Ferro, investigadora e deputada do Partido Social Democrata (PSD), que está na capital cabo-verdiana para uma Aula Magna sobre Coerência nas Políticas para o Desenvolvimento (CPD), a convite da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), adiantou que o balanço de 15 anos de ação é mitigado.

"Houve grandes sucessos. Os ODM permitiram uma mobilização internacional que, doutra forma, dificilmente teria existido, mas é claro que ficaram aquém do espírito marcado em 2000", realçou Mónica Ferro, que participou hoje também num seminário sobre o que deverá constar na agenda pós-2015.

"A ideia de que teríamos em 2015 toda a população a viver com dignidade não foi conseguida e é só olhar para a realidade do mundo e verificar que não foi conseguido. (Os ODM) foram uma peça muito importante da chamada de atenção global para aqueles que são problemas do desenvolvimento", sustentou a também mestre em Relações Internacionais e docente universitária.

Mónica Ferro, que pertence ao Conselho Executivo do Fórum Europeu de Parlamentares para a População e Desenvolvimento e coordenadora do grupo parlamentar português na mesma área, salientou que os ODM contaram com algumas ausências nos oito objetivos, 21 metas e 61 indicadores então delineados, omitindo questões como segurança social, violência contra as mulheres, migrantes e jovens.

A ausência destas questões, disse, está mais esbatida na Agenda Pós-2015 que, embora seja mais completa e pormenorizada do que os ODM, terá ainda algumas falhas, "erros" que, em 2030, serão então mais facilmente constatados.

Mónica Ferro adiantou que, agora que termina o processo para se atingir os ODM, a 31 de dezembro deste ano, seguem-se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), que já contarão com 17 objetivos e 169 metas.

"Há quem considere que, não obstante haver 17 objetivos e 169 metas, continuam a faltar alguns objetivos. A questão da segurança social - o acesso a níveis dignos de segurança social -, a questão da violência contra as mulheres - para algumas ONG não está suficientemente coberta - e a questão dos jovens - poderia estar de forma mais assertiva - e a dos migrantes - novo contexto", sublinhou.

A investigadora indicou que o facto de haver uma agenda mais inclusiva, participada e que se estende a todos os países mas com metas nacionais distintas, dá-lhe uma dimensão de qualidade bastante superior em relação à agenda anterior.

"A CPD é um instrumento de análise, um quadro de referência, que visa analisar cada política pelo impacto que tem interna e externamente. É uma matriz de referência que olha para cada decisão política, tentando perceber o impacto a montante e a jusante que tem nos resultados e nas políticas circundantes", explicou.

Questionada pela Lusa especificamente sobre se, com os ODS, é desta vez que África conseguirá "dar o salto" para o desenvolvimento, Mónica Ferro, afirmou-se otimista e salientou que a nova agenda "cobre mais as realidades" africanas.

"Há a necessidade de se desdobrar o continente africano em realidades e velocidades. Será que é esta a agenda que vai permitir a África, com as suas realidades e velocidades, encontrar o espaço de realização? Eu tendo a dizer que sim, que, desta vez, foram cobertas realidades que eram mais importantes, ou talvez mais prementes, para o continente africano. Mas voltamos a ter a questão da vontade política, dos níveis de financiamento e das parcerias para o desenvolvimento", concluiu.

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