Tolerância de ponto? Vozes socialistas criticam decisão do Governo
Isabel Moreira junta-se a Barbosa Ribeiro na crítica ao Governo pela decisão de conceder tolerância de ponto aos funcionários públicos no próximo dia 12 de maio.
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Política Governo
A deputada do Partido Socialista (PS), Isabel Moreira, manifestou estar contra a decisão do Governo de conceder tolerância de ponto aos Funcionários Públicos por ocasião da vinda do Papa Francisco a Fátima.
Isabel Moreira posicionou-se, num curto desabafo no seu Facebook, onde afirma que é "perante decisões como a do Governo de conceder tolerância de ponto aquando da ida do papa a Fátima que sabemos da imaturidade do Regime".
E é por decisões como esta que defende que ainda há "muito por que lutar".
O colega de partido, Tiago Barbosa Ribeiro, também já havia criticado a decisão do Governo por ter concedido tolerância de ponto no dia 12 de maio, algo que o deputado vê com "enorme estranheza e estupefacção", considerando até um "erro especialmente disparatado".
Ascenso Simões também já afirmou estar contra a decisão. À Lusa, o socialista disse que a tolerância "não faz qualquer sentido", dado que no dia 12 de maio, sexta-feira, "só há procissão das velas à noite e as comemorações são a um sábado".
Exatamente do lado oposto, João Soares sublinhou: "Abençoada tolerância para um Papa tolerante". Porfírio Silva, que se diz agnóstico, optou por desdramatizar a questão.
Questionado pela Lusa, o líder parlamentar e presidente do PS, Carlos César, disse concordar com a decisão do Governo, afirmando não considerar excessivo decretar a tolerância de ponto na função pública.
Fora dos partidos, Vital Moreira é outra voz crítica. "Mais uma vez, os demais trabalhadores - onde, pelos vistos, deve haver menos crentes de Fátima e devotos do Papa do que entre os funcionários públicos - ficam de fora da benesse de mais um dia de folga, por não terem patrões tão piedosos como o Estado. Assim vão a laicidade e a igualdade entre nós...", escreveu o jurista no blog Causa Nossa. Já antes, Vital se tinha criticado Marcelo Rebelo de Sousa, por este se ter assumido devoto de Fátima.
O que dizem os partidos de Esquerda?
No que toca às posições dos partidos, o Bloco de Esquerda e o PCP afirmaram não se opor à decisão tomada, muito embora os comunistas tenham dúvidas. A decisão de decretar tolerância de ponto a propósito da visita do Papa é da responsabilidade do Governo. Trata-se de uma decisão que, embora se compreenda, suscita a dúvida sobre se as razões invocadas - a visita do papa e a expressão da população católica no nosso País - a justificam, considerando a separação entre as Igrejas e o Estado", afirmou o secretário-geral do PCP numa resposta a uma pergunta da Lusa.
Já os bloquistas, através de uma fonte da direção, afirmaram à Lusa que a tolerância de ponto, "sendo da exclusiva responsabilidade do Governo, o Bloco de Esquerda não se opõe".
O Partido Ecologista 'Os Verdes' (PEV), que, como o PCP e o BE, também apoia o Governo do PS, não se pronuncia "por se tratar de uma competência exclusiva do Governo" e por não conhecer os fundamentos para a tolerância de ponto.
Em resposta à Lusa, André Silva, do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), não se pronuncia abertamente sobre a tolerância de ponto, mas "defende, acima de tudo, o direito fundamental da liberdade de culto, entendendo que a democracia que regula para a maioria deve garantir também a igualdade entre todas as minorias".
Escolas fechadas e o terceiro período 'express'
A afinar pelo diapasão das críticas está ainda o presidente da Associação Nacional dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) tece críticas à tolerância de ponto, uma vez que as escolas, tudo indica, fecharão portas a 12 de maio.
É "um dia a menos no calendário escolar dos alunos é especialmente relevante" dado que "o terceiro período já é bastante curto", comenta Filinto Lima em declarações ao Notícias ao Minuto. Contando com o "período da Páscoa e com esta tolerância de ponto, os alunos do 9.º e 12.º anos ficam com 32 dias úteis de aulas, num período decisivo de exames". Contudo, ressalva que percebe que a vinda de Francisco é um acontecimento de "grande envergadura" e que o problema "não é o Papa", mas sim o impacto de o terceiro período ser cada vez mais curto.
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