"Vivemos numa democracia de algoritmo em que já se sabe quem vencerá"
Um artigo de opinião assinado por Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube dos Pensadores.
© Joaquim Jorge
Política Artigo de opinião
"As democracias estão frágeis, segundo Moisés Naím, as democracias do Mundo precisam urgentemente de ser reparadas e reformadas para responder a novas realidades, como as pandemias e velhas malignidades como as desigualdades.
Na nossa democracia fala-se constantemente de casos e problemas judiciais, irregularidades de concursos, etc. Porém, o que se observa são toscas e fracassadas tentativas de usar ações judiciais.
O Governo usa uma tática assimétrica, em que tem muito mais recursos e capacidade do que a oposição e recorre a estratégias, táticas e regras dúbias. António Costa travestiu-se de secretário-geral nestas eleições autárquicas e percorreu o país como sendo socialista, mas falando de um governo de Portugal.
A oposição ainda não se reorganizou e não tem uma estratégia sistemática para denunciar os erros, omissões e atitudes eticamente reprováveis do governo. A oposição anda-se a digladiar ( PSD e CDS).
Há um silenciamento tático do país, inclusive, de entidades públicas, a quem se exige independência e neutralidade.
Cavaco Silva tem razão quando diz que se vive um clima de medo, de criticar e receio de as pessoas serem prejudicadas na sua vida pessoal e profissional , incluindo familiares, medo de perderem o emprego, o subsídio.
A tática é 'eles' que não pensam como 'nós', daí, serem ameaçados, ostracizados e descredibilizados.
Este silenciamento e dificuldade de chegar às pessoas deve-se à subserviência da imprensa pelo apoio que recebeu pela pandemia.
Vivemos numa democracia de algoritmo, em que nos atos eleitorais já se sabe, com raras exceções, quem vai vencer.
É necessário defender a democracia e combater estas discrepâncias, mas para isso é preciso que os portugueses tomem consciência desta realidade."
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