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Paulo Rangel admite que sanção a Orbán "é tardia", mas frisa coerência

O cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, admite que a sanção do Partido Popular Europeu ao partido de Viktor Orbán "foi tardia", mas frisa que o PPE há "muito tempo" toma posições contra a Hungria.

Paulo Rangel admite que sanção a Orbán "é tardia", mas frisa coerência
Notícias ao Minuto

14:38 - 23/03/19 por Lusa

Política PSD

Em entrevista à Lusa, o eurodeputado social-democrata recusou, por outro lado, taxativamente que a decisão de suspender o Fidesz e reavaliar a situação apenas depois das eleições europeias de maio seja uma manobra política para evitar perder o partido húngaro para outros grupos políticos no Parlamento Europeu (PE).

"Eu também acho que é tardia, mas obviamente para ela ser despoletada precisava de um consenso, desde logo nos requisitos. Mas, o PPE já votou o artigo sétimo dos tratados, que pode aplicar a proibição de direitos de voto a um país no Conselho Europeu. Foi aberto pelo PE, com os votos do PPE", disse, referindo-se ao procedimento disciplinar à Hungria aprovado no Parlamento Europeu em setembro de 2018.

Paulo Rangel explicou que é incorreto afirmar que, na quarta-feira, a família política europeia de centro-direita aprovou uma suspensão do Fidesz de Orbán: "Não. O processo de expulsão foi aberto e o que houve foi uma suspensão preventiva. [...] Portanto, ainda vai ser decidido se ele vai ser expulso ou não. As cartas que foram enviadas por 13 partidos continuam totalmente válidas".

"Não podemos pôr em causa o respeito pelo Estado de Direito por parte do governo húngaro e, depois, não aplicamos as garantias de contraditório ao partido respetivo", frisou, evocando a nomeação pelo partido europeu de uma comissão de peritos, liderada pelo ex-presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy, "para fazerem um relatório exaustivo sobre o conjunto de alegações" contra o governo húngaro.

O eurodeputado, eleito pela primeira vez em 2009 e novamente em 2014, recusou, por outro lado, qualquer tentativa de "empurrar" o problema Orbán para depois das eleições.

"O que eu estranho é que, no momento em que o partido, em pleno período eleitoral, é exatamente o argumento ao contrário, tem a coragem de fazer isto, que tem danos eleitorais, obviamente, e isto é visto negativamente?", questionou.

E devolveu quaisquer críticas, insistindo que o problema do desrespeito pelos valores democráticos não é exclusivo da Hungria de Orbán e do PPE.

"Nós temos a Roménia, com governo socialista, a Eslováquia, com governo socialista, e Malta, com governo socialista, exatamente com o mesmo tipo de problemas. Alguém ouviu António Costa [primeiro-ministro e secretário-geral do PS] dizer alguma coisa? Eu até ouvi Pedro Marques, cabeça de lista [do PS às europeias], a branquear a Roménia...", acusou.

Segundo explicou, aqueles "são casos graves". E exemplificou: na Roménia foi apresentada "uma lei de amnistia de crimes de corrupção para que o líder do partido, que pertence ao Partido Socialista Europeu, possa um dia ser primeiro-ministro", na Eslováquia "foi assassinado um jornalista por estar a investigar crimes de corrupção" e em Malta uma jornalista foi assassinada e o governo continua sem cumprir recomendações do Conselho da Europa sobre a independência judicial.

"Eles vieram aqui, a Lisboa, ao congresso do Partido Socialista Europeu [em dezembro passado]. Não esteve cá o líder romeno, mas esteve cá o líder eslovaco e esteve cá o líder maltês", indignou-se.

"Quem me dera que isto fosse só um problema do PPE, resolvia-se no PPE. Não é. É uma crise mais funda", assegurou, criticando "o duplo padrão" que considera existir.

Em relação às previsões de um aumento considerável das forças populistas e nacionalistas nas eleições europeias, Paulo Rangel recusou "antecipar resultados" e frisou a necessidade de uma distinção entre partidos com base nos valores.

"Não me preocupa tanto que eles sejam antieuropeus. Eu sou claramente pró-europeu, europeísta comprometido e acredito na União Europeia e nas suas vantagens, mas eu acho que é salutar que haja forças no PE que defendem por exemplo alguma devolução aos Estados", explicou.

"O que é negativo é se essas forças, para além de serem críticas de um processo de integração, são críticas da liberdade de expressão, da independência dos tribunais ou são claramente nacionalistas até num sentido um pouco chauvinista ou xenófobo. Isso já é muito negativo, isso não tem nada a ver com as ideias, isso já tem a ver com princípios e valores", acrescentou.

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