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Angola: Maioria de deputados portugueses rendidos ao êxito da visita

Os deputados portugueses integrados na comitiva na visita de Estado a Angola do Presidente português mostraram-se hoje rendidos ao êxito da deslocação, embora o Bloco de Esquerda (BE) considere ainda ser cedo para avaliar as mudanças políticas no país.

Angola: Maioria de deputados portugueses rendidos ao êxito da visita
Notícias ao Minuto

19:29 - 09/03/19 por Lusa

Política Marcelo

Em declarações à agência Lusa, durante a festa convívio com a comunidade portuguesa que marcou o último ato oficial da visita de quatro dias de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola, Lara Martinho (PS), Fernando Negrão (PSD), Maria Manuel Rola (BE), Nuno Magalhães (CDS/PP) e João Oliveira (PCP) foram unânimes em considerar a visita como um êxito.

Para Maria Manuel Rola, a deslocação de Marcelo foi "bastante frenética" e com "muita intensidade de 'inputs', mas a intenção da participação inédita dos bloquistas nas visitas oficiais a Angola era confirmar se as alterações no regime angolano dadas a conhecer pelas notícias eram reais.

"Parece-me que é muito cedo para fazer essa análise. De facto, há muita coisa a mudar e a necessidade de mudar é muita. Existem sinais positivos, mas é cedo para fazer esse balanço. Não são três dias frenéticos que vão fazer conseguir garantir dar-nos essa alteração. O que podemos dizer é que estamos expectantes, tal como o povo angolano, tal como os ativistas políticos há anos e anos, tal como a oposição, com quem também nos reunimos", disse a deputada bloquista.

Nesse sentido, Maria Manuel Rola referiu as questões que estão a marcar o novo regime angolano - João Lourenço preside Angola desde setembro de 2017 depois de 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos -, como o processo autárquico (as eleições estão previstas para 2020) e o combate à corrupção.

"Estivemos na Assembleia Nacional a trocar impressões com deputados angolanos e, de facto, existem alterações que estão a ser trabalhadas quer na introdução do poder local, quer ligadas à corrupção, que são levantadas também na Assembleia nacional e que, a nós, nos preocupa sobremaneira", sublinhou.

"Quer na questão da corrupção, quer na garantia da democracia e da liberdade de expressão, fomos acompanhando muito o problema dos ativistas políticos que estiveram presos. Têm-nos transmitido alguma esperança. Também percebemos que o povo angolano está neste momento nesta expectativa que acompanhamos e que, como tal, decidimos acompanhar esta visita oficial, o que não tínhamos feito até hoje", afirmou.

Por seu lado, Lara Martinho, Fernando Negrão, Nuno Magalhães foram mais efusivos ao considerarem a importância e o êxito da visita de Marcelo a Angola, destacando as questões afetivas e económicas.

"É uma visita muito especial, de afetos. Ao longo dos vários dias que estivemos cá, a população angolana recebeu-nos muito bem e de uma forma muito emotiva o nosso Presidente e toda a comitiva. É um marco esta viagem e estou segura que será também um reforço das relações entre Portugal e Angola", destacou.

"Sentimos um calor muito grande das pessoas a receber-nos e uma emoção muito grande em todos aqueles sítios onde passamos", acrescentou, salientando ainda a relação de proximidade entre os dois povos.

Fernando Negrão resumiu a visita com uma frase: "Preparou-se o futuro", o futuro das "boas relações e sem equívocos" entre os dois países centrada na vertente dos afetos - "é inevitável entre angolanos e portugueses, pois existe essa relação de afeto e de carinho" -, e na económica - "que muitas vezes de descura".

"Esta interajuda, esta colaboração, ficou firmada nesta visita. (...) Nota-se isso da parte do povo pela forma como recebeu o nosso Presidente, que parecia um íman, que atraía os angolanos, as pessoas", sustentou.

"As boas relações com o Presidente de Angola, que tem sido de uma generosidade imensa (...), com as autoridades, mas principalmente o povo, é uma mais valia tão grande e tão importante que não pode ser deixada ao acaso, não pode deixar de ser desenvolvida. Esta proximidade entre os dois povos, que são irmãos, embora haja quem diga que não, não pode ser descurada", frisou.

No mesmo tom, Nuno Magalhães destacou a palavra "sucesso" para definir o resultado da visita de Marcelo, lembrando que "ultrapassou todas as expectativas que já estavam muitíssimo altas", sobretudo depois da visita de João Lourenço a Portugal, em novembro de 2018.

"Podermos dizer que, afinal, esta visita correu melhor que as expectativas, que já eram elevadas, creio que é o maior simbolismo que posso destacar. Ficou marcada por contactos ao mais alto nível, do ponto de vista político, económico, educativo. Mas foi uma visita, e isso é seguramente o mais me marcou, de grande emoção, grande afetividade entre os povos. Como o Presidente [português] disse e bem, isso é algo relativamente indestrutível", sublinhou.

Nuno Magalhães lembrou as deslocações feitas por Marcelo e comitiva às províncias da Huíla (Lubango) e de Benguela (cidade, Catumbela e Lobito) para realçar o facto de ter ouvido expressões de entusiasmo, como as de "Portangola" ou "duas nações um povo".

"Foi o que ouvi muitas vezes com emoção na rua. Ouvi na Catumbela, em Benguela, ouvi em Luanda. É o resumo, a frase foi dita pelo povo na rua, pelo povo anónimo, que me marcou até do ponto de vista pessoal", referiu.

João Oliveira, por seu lado, destacou a "evidência" de uma "forma muitíssimo calorosa" como a comitiva foi recebida em Angola, que "exprime a expectativa de que a visita pudesse fechar um processo de normalização de relações institucionais entre os dois Estados".

"Julgo que isso fica conseguido, essa garantia de reaproximação e da solidez dos laços entre os dois postos fica reposta. Há, depois, um conjunto de outros elementos mais concretos, de políticas setoriais em aspetos específicos que julgo que é muito positivo, que julgo que esta visita garantiu a sua concretização", acrescentou, destacando o setor da agricultura como o que mais evoluiu.

"Há um balanço positivo a fazer, mas é preciso que muitas destas portas que ficam abertas não sejam fechadas e que haja esse caminho de cooperação e de aproximação entre os dois povos e Estados, para que o benefício mútuo possa ser concretizado", acrescentou.

João Oliveira, porém, salientou que a "carga emocional" da visita "não é exclusiva nem impulsionada" pela deslocação de Marcelo, resultando, no seu entender, de uma ligação que, nalguns aspetos, é "verdadeiramente umbilical".

"A luta do povo angolano pela sua libertação e pela sua independência cruza-se umbilicalmente com a luta do povo português do fascismo e pela construção da democracia. Essas raízes profundas acabam por projetar-se não apenas na situação presente, mas também nas perspetivas de futuro e de desenvolvimento da relação futura que marcam de facto expressões como "Portangola" e que acabam por dar uma tradução muito nítida a essa ligação afetiva e emocional entre os dois povos", sustentou.

Marcelo Rebelo de Sousa regressa hoje ao fim da tarde a Lisboa, enquanto a comitiva parlamentar o fará à noite.

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