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'Anatomia de Grey' faz-se de "exageros" mas também de médicos reais

No dia em que estreia a 14.ª temporada de ‘Anatomia de Grey’ nos Estados Unidos da América (só chega a Portugal pela FoxLife a 4 de outubro) fomos conversar com uma médica para tentar perceber se o que vemos no pequeno ecrã é ou não fiel ao que se passa na vida real dos médicos e pacientes, pelo menos, em Portugal.

'Anatomia de Grey' faz-se de "exageros" mas também de médicos reais
Notícias ao Minuto

11:30 - 28/09/17 por Patrícia Martins Carvalho

País Médicos

Anatomia de Grey é uma das séries da era moderna que mais sucesso tem. O segredo? A junção da vida profissional com a vida pessoal de um grupo de médicos que gosta de arriscar no bloco operatório e que, ao mesmo tempo, tem dificuldades em gerir relacionamentos amorosos.

Mas a questão que se coloca é: o que vemos no pequeno ecrã é um retrato fiel do que se passa nos corredores dos hospitais da vida real? “É bastante exagerado”, diz-nos Joana Martins, médica interna de formação específica no Hospital Santa Maria, em Lisboa.

O maior exagero, refere, prende-se com a quantidade de vezes que os médicos recorrem ao desfibrilhador.

“Não é fiel porque quando no monitor a linha de frequência cardíaca está sem qualquer movimento – quando está completamente em linha reta – significa que o paciente está em assistolia e quando assim é não se aplica o desfibrilhador, administra-se drogas”, explica a jovem médica de 27 anos.

Joana refere ainda que, além deste erro, outro “exagero” bem comum é a quantidade de médicos que trata um só paciente. Pese embora, sublinha, as patologias apresentadas sejam reais e estejam bem representadas na série, “nunca há tanta gente numa sala à volta de um só paciente”.

Apesar destas diferenças, Joana faz um balanço positivo na relação da série com a realidade, especialmente no que diz respeito à carga horária.

“Há médicos que chegam a trabalhar 100 horas por semana”, lamenta Joana, considerando também correta a forma como os internos são retratados na série: “Somos nós que, por norma, visitamos os pacientes e acompanhamos mais de perto a sua evolução”.

Semelhantes, admite, são também as relações interpessoais. Mas comecemos pelos romances, um dos pontos fortes da série. Joana garante que a realidade não anda muito distante da ficção. “É bastante comum os médicos envolverem-se uns com os outros… mas também passamos tantas horas no hospital que acaba por ser… normal...”, justifica ao mesmo tempo que se ri.

No que diz respeito às relações entre médicos e pacientes, também existem semelhanças entre a vida real e o que nos é mostrado pela criadora da série, Shonda Rhimes. “Não acontece com todos os pacientes”, começa por dizer, frisando de seguida: “há alguns que não nos passam despercebidos”.

Aliás, ela própria, juntamente com alguns colegas, contrariou as regras hospitalares para o bem de um paciente. Escusando-se a pormenores, até para não ter problemas no trabalho, Joana diz-nos apenas que teve um paciente muito jovem que estava a morrer devido a um cancro nos ossos e que "não havia nada a fazer" para o salvar.

A equipa que cuidava dele, contou, decidiu ajudá-lo a rever o seu animal de estimação. "Foi muito emocionante", suspira ao recordar um dos pacientes que certamente vai ficar marcado naquele que será o seu percurso na Medicina que está apenas a começar.

Joana admite que os médicos, pelo menos alguns, tendem a ficar “mais insensíveis com o passar dos anos”, como se de uma arma de autodefesa se tratasse, mas tal insensibilidade não chega ao ponto de haver desrespeito pelos pacientes que estão deitados e inconscientes no interior de um bloco operatório.

Para quem segue a série há 12 anos, não é estranho ver médicos a cantarem ou a falarem das suas vidas privadas (e íntimas) enquanto realizam uma intervenção cirúrgica. E para quem não vê, fique a saber que na vida real os médicos também aproveitam as cirurgias para colocar a conversa em dia. “Falar da vida sexual como na série é que já não… pelo menos não nas cirurgias a que eu assisti”, ri-se Joana, referindo que a propósito de cirurgias, os médicos de ‘Anatomia de Grey’ arriscam mais do que os médicos da vida real.

Para terminar a nossa conversa tivemos (obrigatoriamente) que perguntar se a morte de Derek Sheperd foi bem executada no pequeno ecrã.

“Sim, tratou-se de um erro médico. Tendo em conta que se tratava de um paciente politraumatizado deviam ter pedido uma TAC e não pediram. É uma questão de protocolo que ali não foi seguido”, explica a interna que defende que os “médicos são pessoas, são humanos e, por isso, também erram”.

E assim ficámos a saber que também Shonda Rhimes erra, mas mais no que diz respeito ao exagero que se prende com a necessidade de teletransportar o espectador para o drama que se está a passar no pequeno ecrã.

Resta agora saber que surpresas a criadora da série reservou para os fãs nesta que já é a 14.ª temporada de ‘Anatomia de Grey’.

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