"O Governo está muito satisfeito. Após cinco anos de profunda estagnação do abandono escolar precoce, pela primeira vez temos uma redução e é significativa. É um valor que nos dá confiança relativamente à estratégia que temos vindo a desenhar", afirmou Sofia Ribeiro aos jornalistas, à margem da sessão plenária da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), na Horta, onde esta manhã a Educação foi alvo de uma declaração política da Iniciativa Liberal.

A responsável pela pasta da Educação no executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM referia-se a dados do Instituto Nacional de Estatística relativos a 2021, colocando a taxa de abandono escolar na região nos 23,2% face ao valor global de 5,9% no país, ao passo que, em 2020, atingia os 27% na região e a média nacional era de 8,9%.

"Revertemos o processo com um plano de recuperação de aprendizagem, com um forte investimento do Governo -- no reforço das turmas laboratoriais ou duplicando o número de professores de apoio, por exemplo", destacou Sofia Ribeiro.

A secretária regional afirmou que o caminho é para "continuar", nomeadamente no processo, em curso, de construção de uma Estratégia da Educação para a década, em colaboração com os partidos representados no parlamento.

Sofia Ribeiro defendeu que o Governo não deve guiar-se apenas por "indicadores do fim de ciclo" escolar.

"É fundamental que possamos definir médias intermédias, em que, logo no primeiro ciclo, seja possível avaliar graus de competências dos alunos. Mais do que indicadores quanto ao sucesso final, precisamos de ir percebendo competências adquiridas pelos alunos ao longo do seu percurso", explicou.

Quanto ao afastamento dos Açores da média nacional de abandono escolar, a secretária regional frisou que, "pela primeira vez em vários anos", a região começa "finalmente a convergir".

A intenção é "continuar com a estratégia de investimento nas escolas", sendo fundamental a aposta nos professores de apoio.

Sofia Ribeiro lembrou que "os Açores partiram de uma diferença estrutural há mais de 20 anos", pois, em 1996, a taxa de abandono escolar precoce era de 60% na região, enquanto era de 40% no continente.

"Ao longo deste percurso, houve uma redução mais acelerada no todo nacional do que na Região Autónoma. É também o reflexo de um maior afastamento. A condição de insularidade não ajuda", reconheceu.

A secretária regional revelou ainda o propósito de "fazer acompanhamento dos alunos quanto ao percurso de qualificação e formação".

"Estamos a construir, em conjunto com Secretaria Regional da Qualificação Profissional, um processo que permita um acompanhamento individual do aluno, para uma proximidade maior e fornecermos maiores alternativas de formação que não vinham a ser prosseguidas", indicou.

Portugal alcançou um "novo mínimo histórico" na taxa de abandono escolar, ficando abaixo dos 6%, anunciou na quarta-feira o Ministério da Educação, citando dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

"A taxa de abandono precoce da educação e formação registou, pelo quinto ano consecutivo, uma diminuição absolutamente marcante, alcançando em 2021 um mínimo histórico de 5,9% (5,3% no continente) e reduzindo este indicador para menos de metade neste período de seis anos", escreveu o ministério numa nota enviada à comunicação social.

A taxa de abandono escolar tem sido considerada "o principal indicador do desempenho dos sistemas educativos", a nível europeu, uma vez que permite identificar a percentagem de jovens que não concluiu o ensino secundário, nem frequenta qualquer modalidade de educação e formação", destacou a tutela.

O abandono escolar precoce é monitorizado pelas autoridades estatísticas nacionais, mediante uma metodologia estabelecida pelo Eurostat para todo o continente.

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