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Roberto Leal era exemplo do que de melhor as comunidades portuguesas têm

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, disse hoje no velório do cantor Roberto Leal, na cidade brasileira de São Paulo, que o artista era um exemplo do que há de melhor nas comunidades portuguesas.

Roberto Leal era exemplo do que de melhor as comunidades portuguesas têm
Notícias ao Minuto

22:05 - 16/09/19 por Lusa

País Santos Silva

"Ele [Roberto Leal] é um exemplo do que de melhor as comunidades portuguesas têm, isto é, de uma pessoa que abraçou uma carreira, singrou na vida, triunfou, mas nunca de esqueceu das suas raízes, das suas ligações a Portugal. Portanto, como tantos outros, ele foi uma ponte, neste caso entre Portugal e o Brasil", disse Augusto Santos Silva em entrevista à Lusa.

Além dos méritos musicais, o chefe da diplomacia portuguesa destacou que Roberto Leal é "uma expressão exemplar desta capacidade de os portugueses fazerem pontes com outros países".

"Por isto, não me surpreende o sentimento de grande dor, e já de profunda saudade, que se tem notado nestes dias, quer aqui no Brasil, quer em Portugal", acrescentou Augusto Santos Silva.

Questionado sobre o facto de o Governo brasileiro, liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro, não ter reagido à morte do cantor português, considerado um símbolo da comunidade luso-brasileira, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse não lhe competir avaliar.

"Respeito o que o Governo brasileiro entende fazer, não compete a mim estar a avaliar. Agora, sei muito bem o muito carinho que todo o Brasil e, portanto, também as autoridades brasileiras, sempre sentiram e sentem pelo Roberto Leal. Ele gostava de dizer que era um português e também um brasileiro", acrescentou.

"A unidade, a amizade entre portugueses e brasileiros é sempre constantemente realimentada por figuras como esta. Naturalmente, competia às autoridades portuguesas manifestarem sua consternação e isso já o fizermos desde logo ao mais alto nível", acrescentou.

Santos Silva disse ainda que foi surpreendido pela notícia da morte do cantor português quando aguardava para embarcar para o Brasil e que ao chegar à cidade de São Paulo cancelou compromissos políticos de campanha para representar o Governo português no velório.

"Eu próprio estava aqui em São Paulo com outro programa. Este programa foi cancelado e aqui estou, como ministro dos Negócios Estrangeiros, representando o Governo português nesta homenagem", frisou.

No domingo, o Partido Socialista cancelou as atividades de campanha para as legislativas de outubro previstas para São Paulo com Santos Silva, candidato pelo círculo Fora da Europa.

Em comunicado, o PS justificou o cancelamento da campanha numa nota de condolências.

Roberto Leal, nome artístico de António Joaquim Fernandes, morreu no domingo devido a um cancro. O cantor dividiu a sua carreira entre Portugal e o Brasil, mas teve ainda passagens na política, no cinema e na televisão.

O cantor nasceu em Portugal, na aldeia transmontana Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros, de onde em 1962 emigrou aos 11 anos para o Brasil, com os pais e os nove irmãos.

Em São Paulo, após trabalhar como sapateiro, vendedor de doces e feirante, iniciou seu trabalho com a música e gravou o seu primeiro disco em 1970.

Um ano depois, alcançou o seu primeiro grande êxito com "Arrebita" e teve a sua primeira experiência na televisão brasileira, vindo a repeti-la em 2011, em Portugal, ao participar no programa da RTP "O Último a Sair".

"Arrebenta a Festa" foi o último disco editado em 2016 de uma discografia com mais de 50 discos.

Vendeu mais de 17 milhões de discos, conseguiu 30 Discos de Ouro e cinco de Platina, e ganhou vários prémios, entre os quais o Troféu Globo de Ouro, da TV Globo, em 1972.

Roberto Leal passou também pela política. Em 2018, candidatou-se a deputado estadual em São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro.

Em Portugal, aderiu ao PSD em 1991, deu espetáculos durante a campanha para as eleições legislativas de 1991 e participou em comícios nas de 1995.

A sua carreira foi repartida entre Portugal e o Brasil, onde residia, apresentando-se como embaixador da cultura portuguesa neste país

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