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Georgieva promete liderança com "foco implacável em resultados"

A candidata búlgara à liderança das Nações Unidas Kristalina Georgieva disse hoje que, se for eleita, trabalhará com "independência e integridade" e com um "foco implacável em resultados", caracterizando-se como alguém que consegue "fazer as coisas acontecer".

Georgieva promete liderança com "foco implacável em resultados"
Notícias ao Minuto

19:06 - 03/10/16 por Lusa

Mundo ONU

Kristalina Georgieva, que ocupava o cargo de vice-presidente da Comissão Europeia, apresentou a sua candidatura ao cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na passada quarta-feira, dois dias após a quinta votação informal do Conselho de Segurança, que o candidato português, António Guterres, voltou a vencer.

Na sua declaração inicial durante a audição informal pelos membros da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em que falou principalmente em inglês, mas também em francês e em russo, Georgieva começou por reconhecer a sua "entrada tardia num processo muitíssimo importante" -- a seleção do sucessor de Ban Ki-moon - e confessou que "teria preferido entrar mais cedo" na corrida, em particular porque "transparência e abertura" definem a sua carreira.

"É altura de coragem. Não nos podemos alhear da pobreza extrema, das mudanças climáticas, de conflitos. Se eu tiver a honra de liderar esta grande organização, fá-lo-ei com independência, integridade, compaixão e um foco implacável em resultados", declarou a candidata, a quem o Governo búlgaro apenas declarou apoio na semana passada, depois dos maus resultados nas votações de Irina Bokova, o primeiro nome avançado por Sófia.

Kristalina Georgieva, que passou pelo Banco Mundial e pela Comissão Europeia, confessou que as funções que maior impacto lhe causaram foram as de comissária dos Assuntos Humanitários, onde diz ter descoberto que "a bondade é universal".

"O nosso problema de hoje é que a bondade está calada e o ódio está a gritar. O meu trabalho seria amplificar a voz da bondade", disse.

Perante receios crescentes sobre "um mundo integrado" e menor foco nos seus benefícios, a responsável defendeu a necessidade de "voltar a defender o multilateralismo" e que a ONU e o secretário-geral "têm uma responsabilidade crítica de promover a mudança de uma forma inclusiva e justa".

Numa seleção em que muitos países defendem que o próximo responsável da ONU deveria ser uma mulher de um país do leste da Europa, foram vários os Estados-membros a questionar Kristalina Georgieva sobre as suas propostas para garantir um acesso mais equilibrado das diferentes regiões aos cargos de topo na ONU. A candidata garantiu que irá "levar à letra" o que diz a Carta das Nações Unidas sobre equilíbrio geográfico e de género.

A organização deve "assemelhar-se ao mundo", considerou, enquanto defendeu que devem ser garantidas as condições para que mais mulheres se candidatem e desempenhem cargos de responsabilidade na ONU, apontando a meta de 50-50 de paridade entre homens e mulheres.

Outra promessa que deixou foi a de, nos primeiros 90 dias após a sua eleição, convocar todas as organizações regionais para verem modos de trabalhar melhor com a ONU, numa lógica de que "o todo é maior que a soma das partes".

Ainda sobre a organização, a candidata considerou que os fundos para apoiar determinado país só devem ser atribuídos se o dinheiro estiver a ser bem gasto e advogou um foco na prevenção de conflitos, considerando que "gasta-se muito pouco na prevenção e muito na resposta".

O embaixador de Angola, falando em nome dos estados africanos, reconheceu que a candidata chegou tarde, mas "finalmente" juntou-se à corrida, enquanto a Hungria deu "umas grandes boas-vindas" à sua candidatura por ser da Europa do Leste. Já a Ucrânia -- como Angola, outro dos membros não permanentes do Conselho de Segurança -- disse: "Obrigada por se juntar à corrida. Estávamos à sua espera e o seu aparecimento tornará o processo ainda mais intrigante".

Já o representante do Quénia afirmou que Georgieva "estava preocupada por chegar tarde, mas se for a melhor candidata, então chegou mesmo a tempo".

Mas foi precisamente do Quénia que surgiram as maiores críticas, com o representante a confessar-se "mortificado" por Kristalina Georgieva ter descrito que viu, no Sahel, uma instituição com bebés mal nutridos, considerando uma imagem injusta de África. A aspirante a secretária-geral respondeu que África é o continente das "grandes oportunidades" e "muito mais vibrante" que a Europa.

Questionada sobre a atuação da ONU no conflito na Ucrânia, Georgieva considerou que é um tema complexo e afirmou-se "encorajada por ver, nos últimos dias, um renovado ênfase sobre o acordo [de paz] de Minsk".

"O meu irmão é casado com uma ucraniana. Torna-se bastante pessoal quando conhecemos pessoas que são afetadas", disse, acrescentando: "O mais importante é que temos um acordo, temos um caminho, vamos esperar que marchemos para que vidas sejam protegidas".

Sobre o conflito israelo-palestiniano, Georgieva comprometeu-se a "fazer tudo o que é possível para apoiar o processo de paz e conseguir finalmente uma resolução".

Questionada pelo Brasil, Índia, Japão e Alemanha sobre a reforma do Conselho de Segurança, a candidata disse acreditar que "as Nações Unidas têm um caminho a percorrer para ficarem mais confortáveis no século XXI". "Espero conquistar a confiança dos Estados-membros para ser uma fonte quando for pensado o futuro da organização", afirmou.

França, Reino Unido e Estados Unidos, três dos membros do Conselho de Segurança, colocaram questões mais concretas sobre o funcionamento e gestão da organização e ações de manutenção da paz.

O Conselho de Segurança faz, na próxima quarta-feira, uma nova votação sobre o próximo secretário-geral da ONU, que deve iniciar o mandato no princípio de 2017, mas agora os votos dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, com poder de veto) serão destacados.

[Notícia atualizada às 20h08]

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