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Catalunha. Socialistas querem abrir nova etapa após "década perdida"

O socialista Salvador Illa, que segundo as sondagens vencerá as eleições de maio na Catalunha, diz querer abrir uma "nova etapa" na região após 14 anos de governos nacionalistas e independentistas e "uma década perdida" por causa do separatismo.

Catalunha. Socialistas querem abrir nova etapa após "década perdida"
Notícias ao Minuto

07:26 - 26/04/24 por Lusa

Mundo Espanha

"A minha proposta é abrir uma nova etapa de transformação na Catalunha (...), que tem de voltar a colocar os serviços públicos como primeira prioridade das instituições do governo [regional]", disse Salvador Illa num encontro esta semana em Madrid com jornalistas de meios de comunicação de vários países, incluindo a agência Lusa.

O Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional dos socialistas espanhóis) governou a região entre 2003 e 2010 e tem agora a possibilidade de voltar ao executivo autonómico (conhecido como Generalitat).

Nos últimos 14 anos, estiveram à frente da Generalitat partidos nacionalistas e separatistas e a região passou por tentativas de autodeterminação como a de 2017, quando chegou a haver uma declaração unilateral de independência.

Para Salvador Illa, ministro da Saúde de Espanha durante a pandemia de covid-19, os últimos dez anos, em especial, foram "uma década perdida" para a Catalunha.

"O balanço da gestão não é mau, é péssimo. No que toca à independência não se conseguiu nada, só sofrimento, dor e divisão social. E no que toca à gestão, retrocesso em praticamente tudo", afirmou.

O líder dos socialistas catalães deu como exemplos piores índices na educação; um aumento de 8,4% da pobreza infantil ou a ausência de investimentos nas energias renováveis ou em infraestruturas, como as necessárias para responder à seca prolongada que a região enfrenta.

Segundo Illa, os independentistas nem sequer fizeram uso pleno dos instrumentos de autonomia da região e deixaram por executar verbas disponíveis para investimentos.

O socialista diz que se apresenta, assim, às eleições de 12 maio com um programa focado nos serviços públicos e em políticas sociais como as da habitação, prometendo "exercer as competências de autogoverno", que reconhecem a "personalidade política própria" de uma região que, assegura, tem dos maiores níveis de autonomia que existem na Europa.

"Penso que é isto que está em sintonia com a maioria da sociedade catalã", afirmou.

Illa realçou que após a pandemia e a guerra na Ucrânia - em que ficou patente a importância da unidade europeia e dos fóruns supranacionais - e do fracasso do processo independentista, a sociedade catalã mudou e não quer hoje propostas "divisionistas", como o referendo com que os partidos separatistas se apresentam nestas eleições.

Como destacou o candidato do PSC, nas últimas eleições nacionais espanholas, em julho de 2023, a Catalunha já deu a vitória ao partido socialista (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, que indultou e aceitou agora amnistiar separatistas catalães (fruto de negociações com partidos da região que lhe viabilizaram os governos).

"A sociedade catalã passou por um momento muito complicado em 2017, com muita carga emocional. E o que constato é um desejo de deixar atrás esse período", disse Salvador Illa, que considerou que os indultos e amnistia contribuem para esse objetivo e são bem aceites na região e serão cada vez mais, mesmo que permaneçam "desconfianças" em alguns setores.

O PSC foi já o partido mais votado nas eleições regionais anteriores, em 2021, mas empatou com a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) em número de deputados.

Os socialistas não conseguiram então ir para a Generalitat devido a uma coligação independentista, formada pela ERC e pelo Juntos pela Catalunha (JxCat, do ex-presidente regional Carles Puigdemont), que se rompeu em 2022.

As sondagens deste ano dão uma vitória clara aos socialistas, com previsões de que podem chegar a eleger dez deputados, mais doi, que o JxCat ou a ERC.

Salvador Illa diz que Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola, mas é candidato nestas eleições, "é passado", enquanto o atual presidente da Generalitat, Pere Aragonès, da ERC, que se recandidata, é "um falhanço".

Se voltarem a aliar-se terão de explicar "como é que voltam a passar pelo altar" depois do divórcio de 2022, acrescentou Ila, que, no entanto, para já, só recusa acordos pós-eleitorais com partidos com "discursos de ódio".

O atual Governo de Pedro Sánchez foi viabilizado e continua a depender no parlamento tanto da ERC como do JxCat, mas Salvador Illa desvaloriza a dimensão de eventuais impactos das eleições catalãs na governabilidade de Espanha, considerando que não é vantajoso para os independentistas uma mudança no executivo central.

Este encontro de Salvador Illa com jornalistas em Madrid foi anterior ao anúncio de Pedro Sánchez de que pondera demitir-se e que fará uma comunicação pública sobre o seu futuro na próxima segunda-feira.

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