O executivo de Ramallah e o grupo extremista Hamas agradeceram igualmente o apoio do bloco de países emergentes (BRICS), reunidos no domingo e hoje em cimeira no Rio de Janeiro, à concretização da solução de dois Estados (Palestina e Israel) para resolver o conflito israelo-palestiniano.
O bloco dos BRICS integra atualmente Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos (EAU), Etiópia, Irão e Indonésia.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano mostrou "satisfação" com o apelo do bloco a favor de um cessar-fogo em Gaza e da retirada israelita do enclave palestiniano e do resto dos Territórios Palestinianos Ocupados, que incluem também a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.
Num comunicado, o executivo da Autoridade Palestiniana, reconhecido internacionalmente e tutelado pela Fatah (força política de Mahmoud Abbas), salientou que o apelo dos BRICS está em consonância com as resoluções internacionais, reiterando a exigência de uma "intervenção internacional urgente" para "obrigar" Israel a "cessar a agressão e a guerra de genocídio, deslocação e anexação" contra os palestinianos.
Também sublinhou a necessidade de "iniciar um processo de negociações políticas para resolver o conflito de acordo com os princípios internacionais de paz e a Iniciativa Árabe de Paz", com o objetivo de garantir que os palestinianos "exercem o seu direito à autodeterminação" como "via válida para alcançar a segurança, a estabilidade e a prosperidade na região e no mundo".
Por seu lado, o Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, solicitou aos BRICS e ao resto da comunidade internacional que "pressionem o governo terrorista de ocupação" para que "cumpra o Direito Internacional, pare a sua agressão e guerra de extermínio contra civis inocentes em Gaza" e "levante o cerco criminoso" contra Gaza, segundo citou o jornal palestiniano Filastin.
O documento final da cimeira realizada no Rio de Janeiro, Brasil, pelos BRICS expressou uma "grave preocupação" por parte dos signatários com "a situação nos Territórios Palestinianos Ocupados, com a retomada dos contínuos ataques israelitas contra Gaza e a obstrução da entrada de ajuda humanitária no território".
"Pedimos que seja cumprido o Direito Internacional, em particular o Direito Humanitário (...) e condenamos todas as violações do mesmo, incluindo o uso da fome como método de guerra", afirmaram os países emergentes, antes de exigir às partes beligerantes (Israel e Hamas) que "interajam de boa fé em novas negociações para um cessar-fogo imediato, permanente e incondicional, a retirada total das forças israelitas de Gaza e do resto dos Territórios Palestinianos Ocupados, a libertação de todos os reféns e detidos (...) e um acesso e entrega sustentados e sem restrições de ajuda humanitária".
Os signatários salientaram ainda que "a Faixa de Gaza é uma parte inseparável dos Territórios Palestinianos Ocupados" e destacaram "a importância de unificar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza sob a Autoridade Palestiniana, reafirmando o direito do povo palestiniano à autodeterminação, incluindo o seu direito a um Estado independente da Palestina".
Por outro lado, salientaram a importância de que "os esforços para estabilizar e reconstruir Gaza sejam acompanhados por uma solução política justa e duradoura para o conflito", em curso desde outubro de 2023, e manifestarem a sua "firme oposição" à "deslocação forçada, temporária ou permanente, sob qualquer pretexto".
O bloco de países emergentes também rejeitou "qualquer alteração geográfica ou demográfica no território da Faixa de Gaza".
"Reafirmamos que uma solução justa e duradoura para o conflito israelo-palestiniano só pode ser alcançada por meios pacíficos e depende da concretização dos direitos legítimos do povo palestiniano, incluindo os direitos à autodeterminação e ao regresso", afirmaram os signatários, que apoiaram a criação do Estado da Palestina nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital.
Leia Também: Países da região condenam pedidos israelitas para anexação da Cisjordânia