"Gaza está a morrer. Cessar-fogo agora", declarou o líder da agência, Philippe Lazzarini, numa mensagem apenas com estas palavras nas redes sociais.
A declaração de Lazzarini surge numa fase em que se aguardam resultados das negociações para um novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.
Israel violou o acordo anterior, em meados de março, e relançou a sua ofensiva, que se intensificou nas últimas semanas na Faixa de Gaza.
Novas negociações indiretas entre Israel e o Hamas foram hoje retomadas no Qatar, com o objetivo de alcançar um novo acordo, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter afirmado que espera conseguir um entendimento esta semana.
O líder da Casa Branca, que irá encontrar-se hoje em Washington com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em Washington, referiu-se a "uma boa hipótese" de ser alcançado em breve um acordo de cessar-fogo para o enclave palestiniano devastado por 21 meses de guerra.
No entanto, "nenhum avanço" foi ainda alcançado durante a sessão matinal das negociações indiretas em Doha entre Israel e o Hamas, disse à agência France Presse (AFP) uma fonte palestiniana próxima das negociações.
"Mas as discussões vão continuar e o Hamas espera chegar a um acordo", disse a fonte.
Outra fonte palestiniana próxima do grupo islamita palestiniano disse à AFP que as negociações seriam retomadas à noite.
Alguns dos pontos-chave do documento-base de negociação envolvem um cessar-fogo de 60 dias, a libertação de dez dos 20 reféns vivos detidos pelo Hamas e a abertura de passagens terrestres para a entrada de ajuda humanitária.
O texto refere que durante os 60 dias de cessar-fogo, os Estados Unidos garantirão o compromisso de Israel com a trégua, bem como a suspensão diária dos voos militares durante 10 a 12 horas.
Em troca, Israel libertará um número ainda indeterminado de prisioneiros palestinianos detidos em prisões israelitas, mas o documento exige também que o Hamas forneça uma "prova de vida" dos reféns restantes antes do décimo dia após a entrada em vigor da trégua.
Por outro lado, o texto prevê a autorização israelita para a entrada de ajuda humanitária urgente, bem como de materiais de construção destinados a reparar infraestruturas vitais como abastecimento de água, eletricidade ou centros de saúde.
A ajuda será distribuída pelas Nações Unidas e pelo Crescente Vermelho da Palestina.
Está igualmente prevista a retirada gradual das tropas israelitas do norte e sul da Faixa de Gaza para "locais específicos" ainda por determinar, bem como o cronograma para essa retirada e para a libertação dos prisioneiros palestinianos.
Nesta fase, terão início negociações para alcançar uma trégua permanente e acordos de segurança "a longo prazo" na Faixa de Gaza, sendo os mediadores -- Egito, Qatar e Estados Unidos -- os responsáveis por garantir a implementação do acordo.
O conflito em curso foi desencadeado em 07 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em solo israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 57 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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