A Polónia reintroduziu temporariamente os controlos com a Alemanha e Lituânia, justificando a medida com o combate à imigração ilegal.
"Se a Alemanha suspender os controlos, também não demoraremos muito", declarou Tomasz Siemoniak, em entrevista a quatro agências de notícias, citado pela France-Presse (AFP).
Centenas de migrantes, sobretudo do Médio Oriente, colocam todos os meses pressão sobre os países bálticos e sobre a Polónia, com uma rota estabelecida a partir da Bielorrússia, transitando posteriormente para a Alemanha.
Varsóvia critica a Alemanha, que já tinha introduzido controlos com a Polónia desde 2023, por devolver "a todo o vapor" uma grande quantidade de migrantes para o território polaco, acusação que Berlim nega.
O responsável polaco disse que o país apoia a livre circulação dentro do Espaço Schengen, mas, para a preservar, as fronteiras externas da União Europeia devem ser reforçadas, e não restabelecidas entre os estados-membros.
A Polónia acolhe a agência europeia da guarda de fronteiras e costeira (Frontex).
"Queremos que este movimento seja absolutamente livre, que os problemas da migração e imigração ilegais sejam resolvidos em conjunto, sem prejuízo de uma ou outra, e que sejam resolvidos nas fronteiras externas da União", observou Siemoniak às agências de notícias AFP, DPA (Alemanha), PAP (Polónia) e a báltica BNS.
Segundo o governante, tudo deve ser feito para garantir que, tal como a fronteira polaco-bielorrussa, que Varsóvia já considera impermeável, após a construção de uma longa vedação entre os dois países, o mesmo aconteça com as fronteiras lituana e letã.
Se este objetivo for alcançado, "não haverá problemas" na fronteira entre a Polónia e a Alemanha", referiu Siemoniak, e "os migrantes ilegais simplesmente não chegarão lá".
Em relação à fronteira polaco-lituana, os controlos devem ser mantidos "enquanto persistirem as razões para a reintrodução", acrescentou.
O primeiro-ministro polaco, o liberal pró-europeu Donald Tusk, já tinha defendido que os controlos de fronteiras com a Alemanha e a Lituânia beneficiam a UE porque contêm o fluxo de migrantes da Bielorrússia.
"Este controlo visa captar todos os casos de fluxo de pessoas desviadas através da nossa fronteira com a Bielorrússia e que querem atravessar para a Polónia e para a Europa através da fronteira com a Letónia e a Lituânia", explicou Tusk.
Segundo dados divulgados na semana passada, na fronteira com a Alemanha foram selecionados 52 postos de controlo, 16 dos quais permanentes, somando-se a 12 com a Lituânia, dois permanentes, pelo menos até 05 de agosto, embora estes prazos possam ser prolongados.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco indicou que o país ia destacar cinco mil militares para os controlos fronteiriços com a Alemanha e a Lituânia.
Para atravessar a fronteira polaca será obrigatória a apresentação de um documento de identidade de um país da UE ou de um passaporte, sendo que a entrada só será permitida nos locais descritos nos regulamentos.
A travessia por caminhos ou trilhos florestais, ciclovias e rios é expressamente proibida.
De acordo com dados da Guarda de Fronteira polaca, o país registou 15.022 tentativas de travessia irregular na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia entre 01 de janeiro e 29 de junho, com 412 detenções no mesmo período, um número semelhante ao de todo o ano passado.
A pressão também subiu significativamente na Lituânia e na Letónia, com aumentos de mais de três e duas vezes, respetivamente, no número de tentativas de entrada.
Mais de seis mil militares e quatro mil polícias e guardas de fronteira adicionais foram destacados durante mais de um ano para a fronteira leste com a Bielorrússia, país acusado por Varsóvia de orquestrar deliberadamente uma rota migratória ilegal para desestabilizar a UE.
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