"Penso que o surgimento de diversos centros de poder no mundo, como a declaração (da cimeira dos BRICS) observa, deve ser mais apreciado e deve ser visto de forma positiva e não negativa", disse Ramaphosa aos jornalistas no Rio de Janeiro, no segundo e último dia da 17.ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo dos BRICS.
Referindo-se às decisões saídas da cimeira, Ramaphosa disse que devem ser vistas "como uma melhoria na governação do mundo e uma melhoria nos bons processos e políticas que devem ajudar o desenvolvimento da humanidade como um todo".
Ramaphosa fez estes comentários quando questionado sobre as declarações de Trump, que avisou que poderia impor uma tarifa adicional de 10% aos países que se alinham com os BRICS, embora o bloco tenha evitado entrar em confronto direto com o Presidente norte-americano na cimeira.
Os BRICS "não procuram competir" com qualquer outra potência, disse o líder sul-africano, sublinhando que o grupo reconhece a posição de outros centros de poder, como as Nações Unidas ou o G20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes, cuja presidência rotativa é atualmente exercida pela África do Sul), que devem ser vistos como "complementares".
Para Ramaphosa, "é muito dececionante quando, perante uma manifestação coletiva tão positiva como os BRICS, há quem a veja de forma negativa e queira punir quem nela participa".
"Devemos respeitar a soberania dos países, devemos respeitar o facto de sermos todos iguais", afirmou, sublinhando que "nunca deve haver vingança ou retaliação contra países que procuram cooperar em conjunto para promover os interesses da humanidade".
O primeiro dos dois dias da Cimeira do Rio terminou no domingo com uma declaração final que aborda questões como a guerra comercial de Washington, a escalada de violência no Médio Oriente e a reforma "urgente" da ONU, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
"Expressamos sérias preocupações sobre o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio", diz o documento, sem menção direta a Trump ou aos EUA.
Marcada pelas ausências dos líderes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, que participaram virtualmente, a cimeira anual dos BRICS realizou-se domingo e hoje no Museu de Arte Moderna do Rio.
O bloco, inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem seis novos membros efetivos desde 2023: Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Arábia Saudita e Indonésia.
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