O Dalai Lama completou 90 anos este domingo e as celebrações ocorreram em Dharamsala, no estado de Himachal Pradesh, no norte da Índia, onde o líder espiritual do budismo tibetano vive exilado desde 1959, na sequência da ocupação chinesa do Tibete.
Milhares de fiéis de todo o mundo viajaram até Dharamshala, nos Himalaias, para celebrar a ocasião, incluindo o ator de Hollywood Richard Gere, seguidor praticante do budismo tibetano há várias décadas e que mantém uma relação próxima com Dalai Lama desde a década de 80.
Os eventos para assinalar o aniversário começaram na passada segunda-feira, quando se assinalou o seu 90.º aniversário no calendário tibetano - seis dias antes do seu aniversário no calendário gregoriano.
Nascido em 1935, Tenzin Gyatso foi reconhecido aos dois anos como a 14.ª reencarnação do Dalai Lama, em conformidade com a tradição budista. Em 2011, abdicou de todas as responsabilidades políticas, transferindo o poder para um governo tibetano no exílio, eleito democraticamente.
"Enquanto estiver física e mentalmente apto, considero importante estabelecer as regras para designar o próximo Dalai Lama", afirmou o líder espiritual em 2011. "As pessoas devem decidir se o ciclo das reencarnações deve continuar", disse.
Muitos tibetanos receiam que a China - que anexou o Tibete em 1950 - tente nomear um sucessor controlado por Pequim. "Os chineses vão escolher outro Dalai Lama, é evidente", antecipou o tradutor do atual líder espiritual, Thupten Jinpa. "Será ridículo, mas eles vão fazê-lo", acrescentou.
A memória do precedente de 1995 permanece viva: nesse ano, a China deteve uma criança de seis anos reconhecida pelo Dalai Lama como Panchen Lama, segunda figura do budismo tibetano, e nomeou outro menino da sua escolha, amplamente rejeitado pelos tibetanos como "falso Panchen".
Pequim, que considera o Dalai-lama um separatista desde a sua fuga do Tibete em 1959, já afirmou que pretende controlar o processo de escolha do próximo líder espiritual tibetano.
Na semana passada, a China reiterou que o sucessor do Dalai-lama deverá ser "aprovado pelo Governo central", após o líder espiritual tibetano ter afirmado que a instituição continuará após a sua morte e que um sucessor será designado.
A posição de Pequim surgiu no mesmo dia em que o Dalai Lama declarou que a linhagem espiritual continuará e que o processo de sucessão será conduzido segundo a tradição budista tibetana.
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