O número de mortos provocados pelas cheias no Texas, no sul dos Estados Unidos da América, continua a subir. Os dados mais recentes referem-se a, pelo menos, 82 mortos. As autoridades assumem que ainda há muitos desaparecidos e as fatalidades podem continuar a aumentar.
Os números foram confirmados pelo governador do Texas, Greg Abbott, este domingo, aumentando quase para o dobro o número de mortos que tinha sido anunciado no sábado, horas depois das cheias repentinas, que fizeram subir o rio Guadalupe oito metros em apenas 45 minutos.
Crianças em acampamento apanhadas desprevenidas
Entre as vítimas mortais, constam 28 crianças. Algumas das quais estavam a participar num acampamento cristão, nas margens do rio em causa, quando foram apanhadas de surpresa pela tempestade.
Onze raparigas e um mentor estão ainda desaparecidos. Cinco meninas, com idades entre os 8 e 9 anos, já foram dadas como mortas, bem como o responsável pelo acampamento ‘Camp Mystic’. No acampamento participavam 750 pessoas.
Texas tem já historial de inundações
A forte tempestade que teve inicio na noite de quinta para sexta-feira não é a primeira a assolar a região do Texas. Segundo o Washington Post, a região já enfrentou inundações mortais anteriormente. Esta nova tragédia, no entanto, vem expor lacunas na sua capacidade de avisar as pessoas, nomeadamente porque o alerta de risco de inundação chegou atrasado ao condado de Kerr.
Esta publicação refere que o Texas é uma zona propensa a inundações repentinas, estando as autoridades cientes de que o terreno de Hill Country pode transformar rios lentos e pouco profundos em paredes de água.
Contudo, quando as previsões meteorológicas começaram a indicar a possibilidade de chuvas fortes na quinta-feira, ficou patente uma falha: poucos, incluindo as autoridades locais, se prepararam para algo do género. Aliás, a publicação norte-americana acusa mesmo que todos estavam mais preocupados com as celebrações do dia 4 de Julho, Dia da Independência do país.
Quando a precipitação se intensificou nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, muitas pessoas não receberam ou não responderam aos avisos de inundação em acampamentos e cabanas ribeirinhas que se sabia estarem a acontecer.
O Serviço Meteorológico Nacional, recorde-se, alertou na quinta-feira para possíveis inundações e, em seguida, enviou uma série de alertas de inundações repentinas nas primeiras horas de sexta-feira antes de emitir emergências de inundações repentinas -- um alerta raro que notifica sobre o perigo iminente.
Donald Trump foi questionado se, após a tragédia, planeava eliminar gradualmente a Agência Federal de Gestão de Emergências, Trump disse que isso era algo sobre o qual iria "falar mais tarde", pois estava ocupado "a trabalhar".
O presidente foi também questionado se planeava recontratar algum dos meteorologistas federais despedidos este ano como parte das amplas reduções de despesas do governo.
"Acho que não. Isto foi algo que aconteceu em segundos. Ninguém estava à espera. Ninguém viu. Havia pessoas muito talentosas lá, e não viram", disse Trump.
Buscas continuam até que todos sejam encontrados
As equipas de resgate continuam as buscas pelos desaparecidos. O xerife Larry Leitha prometeu continuar as buscas até que "todos sejam encontrados".
As cheias repentinas foram provocadas por chuvas torrenciais na parte central do estado na manhã de sexta-feira, Dia da Independência, que fizeram o rio Guadalupe subir oito metros em apenas 45 minutos. De repente, caíram quase 300 milímetros de chuva por hora, um terço da precipitação média anual.
O governador alertou no domingo que novos períodos de chuvas fortes até terça-feira poderiam causar mais inundações fatais, especialmente em locais já saturados.
Também no domingo, o presidente Donald Trump assinou uma declaração de grande desastre para o condado de Kerr, ativando a Agência Federal de Gestão de Emergências do Texas, e disse que provavelmente visitará a zona afetada na sexta-feira.
"Foi uma coisa horrível o que aconteceu, absolutamente horrível", afirmou.
Os socorristas usam helicópteros, barcos e 'drones' para procurar vítimas e resgatar pessoas presas em árvores e em acampamentos isolados por estradas destruídas pela água. As autoridades disseram que mais de 850 pessoas foram resgatadas nas primeiras 36 horas.
Leia Também: Cheias no Texas: N.º de mortos sobe para 79 incluindo 28 crianças