"Matem". Militar das IDF denuncia homicídio arbitrário de civis em Gaza

Soldado é um reservista da 252.ª Divisão das Força de Defesa de Israel. Das três vezes que esteve na Faixa de Gaza, duas delas foi destacado para o corredor de Netzarim. Sob anonimato, denuncia que há civis a serem mortos arbitrariamente, dependendo "da disposição do comandante".

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© Amir Levy/Getty Images

Notícias ao Minuto
07/07/2025 16:45 ‧ há 4 horas por Notícias ao Minuto

Mundo

Israel/Palestina

Um militar israelita na reserva denunciou que os soldados na Faixa de Gaza recebem ordens para disparar sobre qualquer pessoa, independentemente de representarem ou não uma ameaça. 

 

Numa entrevista à Sky News, sob anonimato, o militar das Forças de Defesa de Israel [IDF, na sigla em inglês], que cumpriu três missões em Gaza, contou que a sua unidade recebia frequentemente ordens para disparar contra qualquer pessoa que entrasse em áreas definidas como zonas interditas - algo que resultou na morte de civis de forma arbitrária. 

"Temos um território em que estamos e as ordens são: toda a gente que entrar tem de morrer. Se estão lá dentro, são perigosos, têm de os matar. Não importa quem seja", disse, referindo ainda que os critérios para abrir fogo contra civis variavam consoante o comandante.

"Podem ser baleados, podem ser capturados. Depende realmente do dia, da disposição do comandante", revelou. 

Quando a sua unidade estava no limite de uma zona civil, os soldados dormiam numa casa pertencente a palestinianos deslocados. Posteriormente, marcavam uma fronteira invisível à sua volta que definia uma zona interdita aos habitantes de Gaza.

"Numa das casas em que estivemos, tínhamos um grande território. Era a mais próxima do bairro dos cidadãos, com pessoas lá dentro. E há uma linha imaginária que nos dizem que todos os habitantes de Gaza conhecem e que sabem que não estão autorizados a passar por ela. Mas como é que eles podem saber?", questionou. 

As pessoas que atravessam esta zona são, na maioria das vezes, alvejadas. Pode ser "um adolescente a andar de bicicleta", notou. 

O militar, reservista da 252.ª Divisão das IDF, disse que entre as tropa prevalece a convicção de que os habitantes do conclave são terroristas. 

"Não falam connosco sobre os civis que podem ir ao nosso local. Por exemplo, eu estava na estrada de Netzarim e eles dizem que, se alguém vai lá, significa que sabe que não devia estar ali e, se vai na mesma, significa que é um terrorista. É isto que nos dizem. Mas eu não acho que seja verdade. São apenas pessoas pobres, civis que não têm muitas opções", relatou. 

Ao mesmo tempo, conta que os ataques de 7 de outubro são discutidos abertamente e usados, frequentemente, como justificação. "Diziam: 'Sim, mas estas pessoas não fizeram nada para impedir o 7 de outubro e provavelmente divertiram-se quando isto nos estava a acontecer. Por isso, merecem morrer'", lembrou.

"As pessoas não sentem piedade por eles", acrescentou, referindo que muitos soldados "sentiam realmente que estavam a fazer algo de bom". 

O soldado, que não quis ser identificado por temer represálias, afirmou que sentiu que participou "numa coisa má" e que tem de "a contrariar com algo de bom, falando". 

"Penso que a guerra é... uma coisa muito má que nos está a acontecer a nós e aos palestinianos, e penso que tem de acabar. Penso que, na comunidade israelita, é muito difícil criticar-se a si própria e ao seu exército. Muitas pessoas não compreendem aquilo com que estão a concordar. Acham que a guerra tem de acontecer e que temos de trazer os reféns de volta, mas não compreendem as consequências", lamentou, dizendo esperar que falar sobre o assunto possa "mudar a forma como as coisas estão a ser feitas". 

Face às alegações, as IDF asseguraram que "atuam estrita conformidade com as suas regras de empenhamento e com o direito internacional, tomando as precauções possíveis para reduzir os danos causados aos civis". 

"As IDF operam contra alvos e objetivos militares e não visam civis ou objetos civis", diz um comunicado citado pela Sky News.

Além disso, apontou que "os relatórios e as queixas relativos à violação do direito internacional pelas FDI são transmitidos às autoridades competentes responsáveis pela análise dos incidentes excecionais ocorridos durante a guerra". 

Recorde-se que a guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 em Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel, por sua vez, já provocou mais de 57 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas do conclave e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

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