Dezenas em frente à embaixada russa em Lisboa para homenagear Navalny
Dezenas de pessoas concentraram-se hoje frente à embaixada russa em Lisboa para prestar homenagem a Alexei Navalny, acendendo velas, deixando flores, escrevendo em cartazes frases do opositor do Kremlin hoje morto, ou simplesmente chorando.
© Global Imagens / Leonardo Negrão
País Opositor russo
"Como Alexei disse: 'se eu morrer, vocês não desistam'", recordou à Lusa a jovem Olesya, uma das dezenas de admiradores de Navalny concentrados frente à representação russa num silêncio pesaroso, nalguns casos chorando ou trocando abraços.
"Ele também tinha dito 'tenham um coração forte'", sublinha a jovem, apontando para um postal em forma de coração ornamentando uma árvore despida em cujos ramos e pés 'brotam' as homenagens, em forma de fotografias de Navalny ou, junto a estas, flores vermelhas e brancas ou velas.
O silêncio é quebrado por vezes com palavras de ordem, em russo, como "A Rússia vai ser livre".
Nalguns cartazes pode ler-se, em inglês, "Navalvy foi morto por Putin" e "Nós não vamos desistir".
"Depois de a guerra (na Ucrânia) ter começado" é como Roman mede o tempo, recorando quando deixou a sua Moscovo Natal. Entre as qualidades que usa para descrever Portugal, faz questão de sublinhar a palavra "segurança".
Com um cartaz em homenagem a Navalny e rosas brancas na mãos, o jovem relata à Lusa ser ainda "difícil" falar sobre a morte de hoje, mas admite a "esperança que algo possa melhorar".
O opositor russo Alexei Navalny, um dos principais críticos de Vladimir Putin, morreu na prisão, segundo o serviço penitenciário federal da Rússia.
Navaly, 47 anos, estava numa prisão no Ártico, para cumprir uma pena de 19 anos sob "regime especial" e, segundo aqueles serviços, sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.
Entre a multidão, com grande predominância de jovens russos, que se deslocou esta tarde à rua lisboeta Visconde de Santarém, cortada ao trânsito num sentido, estavam também Leonid e Alexandra.
Depois de terem sido turistas em Portugal, os dois decidiram, há um ano, fixar-se no país e também fazem eco do "ser ainda muito cedo para prognósticos" sobre como a morte do opositor de Putin pode marcar o futuro, mas também manifestaram a esperança que resulte em algo de positivo.
Os dois jovens assinalam o choque com a notícia de hoje que não acreditam ter sido um acidente, até porque "na Rússia não há acidentes". E recordam o vídeo de Navalny divulgado há um dia, em que se mostrava de boa saúde.
E mesmo entre os gritos de ordem de que a "Rússia será livre", estes jovens russos confessam a intenção de ficar em Portugal.
"Eu cheguei aqui para ficar. Não há condições nem para viver, nem para trabalhar na Rússia. Alguns são obrigados a ficar para, por exemplo, cuidar de familiares. Mas, mesmo sem se ter cometido crime, pode não se ter condições para estar lá", notou Olesya, num breve intervalo na missão que chamou a si: garantir que ramos despedidos pelo inverno hoje ficam preenchidos com homenagens a Navalny.
[Notícia atualizada às 19h23]
Veja as imagens na galeria acima.
Leia Também: Kremlin acha "inadmissível" ser responsabilizado por morte de Navalny
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com