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Turquia defende mais esforço da ONU na defesa da soberania de países

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu hoje na ONU um maior esforço das Nações Unidas para enfrentar os graves problemas globais e garantir a soberania de países sob ataque, como a Ucrânia.

Turquia defende mais esforço da ONU na defesa da soberania de países
Notícias ao Minuto

18:06 - 20/09/22 por Lusa

Mundo Assembleia geral da ONU

"Consideramos que na guerra da Ucrânia não haverá vencedores, nem haverá vencidos. E acreditamos que apenas pode haver uma solução diplomática, que garanta a inteira soberania da Ucrânia", disse Erdogan, pedindo à comunidade internacional para se juntar aos esforços da Turquia na procura de canais de diálogo entre Kyiv e Moscovo.

Pouco antes da sua intervenção no primeiro dia do debate anual da Assembleia Geral da ONU, Erdogan tinha estado a conversar telefonicamente com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para discutir a invasão russa, tendo-lhe transmitido a mensagem de que a Rússia pretende colocar um fim rápido ao conflito, repetindo as palavras do Presidente russo, Vladimir Putin, durante uma reunião no Uzbequistão, na passada semana.

Na sua intervenção na ONU, o Presidente turco mostrou-se ainda muito crítico perante a atividade da secretaria-geral das Nações Unidas, acusando-a de não fazer todos os esforços para resolver os muitos desafios que hoje se colocam.

"Estamos no século XXI, numa era de muitas oportunidades. Mas a verdade é que ainda temos 1/5 da população mundial a passar fome", denunciou Erdogan, apelando a mais solidariedade internacional e um espírito de maior inclusão por parte das Nações Unidas lideradas pelo português António Guterres.

"A ONU deve ser mais inclusiva, deve ser mais interventiva, para conseguir um mundo mais justo", defendeu Recep Erdogan, pedindo à ONU que seja mais eficaz na defesa da soberania de povos sob ataque.

"Uma das lições da pandemia de covid-19 é a da urgência de solidariedade entre os países", disse Erdogan, recordando que a Turquia prestou ajuda a 161 países, nomeadamente ao nível do fornecimento de vacinas para combater o novo coronavírus.

O líder turco deu vários exemplos do papel de dinamização de ações solidárias do seu país, bem como dos esforços para ser um facilitador de canais de comunicação entre nações em conflito, começando pela situação na Ucrânia.

"Queremos ser parte da solução. Não queremos ser parte do problema. Por isso, estamos a tentar mediar negociações entre a Rússia e a Ucrânia e é importante que todos os países participem nesse esforço", disse o Presidente turco, lembrando o papel importante que o seu país desempenhou, ao lado de Guterres, no escoamento de cereais ucranianos através de portos no Mar Negro.

Erdogan mencionou ainda os efeitos da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia sobre a economia global, alertando para os perigos do aumento vertiginoso da inflação e para a escassez de alimentos e de energia.

"Os preços da energia e da comida estão a criar pressão sobre a inflação global e a afetar o bem-estar das pessoas em todo o mundo", disse Erdogan, explicando que, perante a questão energética, a Turquia se tem centrado "não numa perspetiva competitiva, mas numa perspetiva de cooperação".

Na parte final de uma longa intervenção - em que foi mostrando fotografias ilustrativas do papel da Turquia em várias crises globais, desde a crise de refugiados à diplomacia de guerra -- Erdogan elencou os esforços do seu país para ajudar a pacificar os conflitos na Síria, no Iraque e na Líbia.

"Mas não podemos ficar sozinhos a procurar garantir que estes povos tenham direito à sua soberania. Mais uma vez, é preciso que a ONU tenha um papel mais interventivo e que a comunidade internacional seja mais solidária", disse o líder turco.

Erdogan teve ainda tempo de criticar a China pela perseguição minoria uighur em Xinjiang, para criticar a Grécia pela sua falta de esforços em acolher refugiados no Mediterrâneo, e para criticar Israel e a Palestina pela sua falta de capacidade em resolver um conflito que se arrasta há décadas.

"A paz deve prevalecer em todas estas situações. Da parte da Turquia, acreditamos nas soluções diplomáticas e temos dado prova de que podemos ser intermediários na procura de soluções", repetiu o líder turco.

As palavras mais duras de Erdogan foram guardadas para a Grécia, que acusou de estar a dificultar o acolhimento de refugiados sírios, em particular crianças, lembrando que o seu país já acolheu mais de um milhão de pessoas que fugiram da Síria.

O Presidente turco acusou ainda Atenas de compactuar com a perseguição à minoria turca em Chipre, lembrando que, como país da União Europeia e da NATO, a Grécia tem responsabilidades acrescidas na proteção dos direitos humanos e do direito internacional.

Horas antes desta intervenção de Erdogan, e à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reuniu com o seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, para discutir as tensões no sul do Cáucaso.

Num comunicado hoje divulgado pelo Departamento de Estado, faz-se relato de que, nesse encontro, Blinken defendeu que os Estados Unidos continuam a "envolver-se para facilitar o diálogo entre o Azerbaijão e a Arménia", para encontrar uma solução de longo prazo para este conflito.

Na reunião Blinken e Cavusoglu discutiram ainda a invasão russa da Ucrânia, com o secretário de Estado norte-americano a elogiar a ação da Turquia nos esforços diplomáticos para garantir o escoamento de cereais ucranianos através de portos no Mar Negro.

A semana de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas começou na terça-feira, na sede da ONU em Nova Iorque, e irá prolongar-se até à próxima segunda-feira, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa.

Esta é a primeira Assembleia Geral desde o início da guerra na Ucrânia e a primeira em formato presencial desde o início da pandemia.

O evento decorre sob o tema "Um momento divisor de águas: soluções transformadoras para desafios interligados", e terá como foco a guerra na Ucrânia e as crises globais a nível alimentar, climático e energético.

Leia Também: Guterres diz que guerra ameaça humanidade mas evita condenações à Rússia

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