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Grita-se "Liberdade, já!" em frente ao Tribunal Provincial de Luanda

Algumas dezenas de jovens estão hoje concentrados em frente ao Tribunal Provincial de Luanda, exigindo a libertação dos manifestantes detidos durante uma marcha, no sábado, na capital angolana.

Grita-se "Liberdade, já!" em frente ao Tribunal Provincial de Luanda
Notícias ao Minuto

13:22 - 26/10/20 por Lusa

Mundo Angola

Algumas carrinhas de transporte prisional chegaram ao tribunal, ainda não eram 11:00 (10:00 em Lisboa), e os detidos que transportavam foram recebidos aos gritos de "Liberdade, já!", à medida que saíam dos veículos.

No lado exterior do tribunal, ouvem-se vuvuzelas e críticas ao Presidente angolano, João Lourenço, e ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), enquanto os jovens manifestantes são observados pelo olhar vigilante dos agentes que formam o cordão policial que barra a entrada do tribunal.

Além de amigos e familiares dos detidos, estão presentes na manifestação também colegas dos jornalistas da Rádio Essencial, que foram detidos no sábado e devem comparecer hoje no tribunal.

Em declarações aos jornalistas, o editor da Rádio Essencial, Edno Pimentel, disse que falou com os seus colegas detidos no sábado, que relatarem terem sido "agredidos".

O editor acrescentou que os três jornalistas e o motorista que formavam a equipa da rádio que cobria a manifestação no sábado estão incontactáveis desde pouco depois da detenção, admitindo ainda que não tenham sido libertados até agora, como estratégia para "disfarçar as sequelas das agressões".

Edno Pimentel afirmou que a polícia não deu qualquer justificação sobre o motivo da detenção e pelo qual permanecem ainda detidos os elementos da equipa da rádio.

O responsável da Rádio Essencial disse que ainda não foi indicado qualquer advogado para defender os jornalistas, "porque não há nenhum processo formalizado", mas acrescentou que a detenção não constituiu uma "completa surpresa", pois "tem estado a acontecer muito por Angola".

Uma manifestação no passado sábado em Luanda resultou na detenção de 103 pessoas, entre as quais dirigentes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), de acordo com o secretário de Estado do Ministério do Interior, Salvador Rodrigues, que negou a existência de qualquer morte resultante do evento promovida por ativistas da sociedade civil, com apoio do maior partido da oposição angolana.

Segundo o governante angolano, estão detidos 90 homens e 13 mulheres. Seis polícias ficaram feridos na sequência de confrontos entre o cordão policial e os manifestantes, ainda segundo Salvador Rodrigues.

"Infelizmente, há dirigentes de partidos políticos [...] detidos que se encontravam na manifestação", especificou também o governante angolano, indicando que estão ligados à UNITA.

O responsável do Ministério do Interior disse que houve fogo posto, que foram queimados meios da força pública, sublinhando que "a força da ordem estava ali para fazer cumprir o decreto".

Na sexta-feira, o Governo angolano fez sair novas medidas de combate e prevenção da covid-19, num decreto sobre o Estado de Calamidade Pública, que entre várias restrições, proibiu ajuntamentos na rua de mais de cinco pessoas.

De acordo com o governante angolano, as forças da ordem foram recebidas com violência, "apedrejamento, queima de pneus na estrada", tendo ficado queimada uma motorizada da força pública, uma viatura dos bombeiros, uma ambulância que ficou com o vidro partido e uma viatura da unidade de trânsito.

O ativista Dito Dali, um dos participantes na manifestação de sábado em Luanda, disse à Lusa que há mais de cem pessoas detidas e uma pessoa terá morrido durante o protesto, mas esta informação não foi confirmada oficialmente.

Alguns jornalistas foram agredidos e obrigados a apagar as imagens relativas à cobertura da manifestação.

Três organizações não-governamentais -- UFOLO, Amigos de Angola e Mãos Livres -- condenaram a violência contra os manifestantes e exigiram a libertação dos jornalistas.

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