Cientistas pedem fim da perseguição penal de manifestantes de Moscovo
Um grupo de mais de 50 cientistas russos divulgou hoje uma carta aberta às autoridades da Rússia pedindo que acabe a perseguição penal de alguns dos participantes nos recentes protestos da oposição em Moscovo.
© iStock
Mundo Moscovo
"Nós, cientistas russos que trabalhamos em universidades e centros de investigação, tanto na Rússia como no estrangeiro, estamos muito indignados com a perseguição criminal dos participantes em protestos pacíficos relacionados com as eleições para a Duma (assembleia legislativa) de Moscovo", refere a carta publicada em vários 'media' russos.
Os cientistas sublinham que a sua profissão é "incompatível com a mentira grosseira, a manipulação dos factos e a perseguição das vozes dissidentes".
A oposição russa tem vindo a protestar na capital todos os fins de semana desde meados de julho contra a rejeição dos seus candidatos às eleições locais que se vão realizar a 08 de setembro.
Trata-se de um dos mais poderosos movimentos de protesto desde o regresso de Vladimir Putin ao Kremlin em 2012.
A maioria das manifestações, não autorizadas, foram severamente reprimidas pela polícia.
Mais de 2.000 pessoas foram detidas e mais de 100 ficaram presas e a quase totalidade das figuras da oposição cumpre atualmente pequenas penas de prisão.
Para os cientistas, os protestos devem-se a uma "clara fraude" no registo dos candidatos às eleições locais, que deixou de fora os representantes da oposição extraparlamentar.
"Observamos com preocupação que a rejeição da mentira na Rússia pode resultar numa responsabilidade penal", dizem os cientistas, criticando as "repressões políticas" justificadas por acusações "absurdas" como "distúrbios em massa" e "ingerência externa".
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse hoje que ainda não viu a carta dos cientistas, mas assegurou que, "obviamente, a sua posição será tida em conta".
Na segunda-feira, a câmara baixa do parlamento russo anunciou a criação de uma comissão para investigar uma "ingerência estrangeira" na política interna da Rússia, após os protestos governamentais que diz mostrarem envolvimento ocidental.
A Rússia já fez advertências aos Estados Unidos e à Alemanha, acusados de apoiarem as recentes ações da oposição, e o presidente da Duma, Viatcheslav Volodine, indicou que os diplomatas e jornalistas estrangeiros suspeitos de "ingerência" serão convidados a explicar-se na comissão.
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