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Imprensa francesa alerta para que argelinos se mantenham vigilantes

A imprensa francesa apela à "vigilância" na Argélia após a renúncia de Abdelaziz Buteflika que afasta a candidatura ao quinto mandato presidencial cedendo a protestos sem precedentes no país.

Imprensa francesa alerta para que argelinos se mantenham vigilantes
Notícias ao Minuto

09:00 - 12/03/19 por Lusa

Mundo Crise política

O jornal Libération escreve que o anúncio de Buteflika, na segunda-feira à noite, constitui uma primeira vitória dos manifestantes, mas o editorial do jornal refere que a mobilização dos cidadãos deve continuar.

O Fígaro refere-se ao "virar de página de Buteflika" mas acrescenta que os argelinos devem manter-se "vigilantes" porque, diz o artigo publicado hoje, o regime pode estar apenas a ganhar tempo para evitar de facto as mudanças que foram anunciadas.

O ministro do interior argelino, Nouredin Bedaui, e o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ramtane Lamamra, vão liderar o período de transição política na sequência da renúncia do presidente Buteflika.

Abdelaziz Buteflika, 82 anos, preparava-se para se recandidatar ao quinto mandato como chefe de Estado na Argélia, mas não resistiu à forte contestação popular que exigiu o fim da candidatura às eleições que estavam marcadas para o dia 18 de abril.

Na segunda-feira à noite a televisão estatal comunicou uma mensagem de Buteflika ao país anunciando que retira a candidatura.

Na comunicação, o presidente cede à pressão das manifestações das últimas semanas e acrescenta que o grave estado de saúde em que se encontra impedem-no de apresentar o quinto mandato consecutivo.

Abdelaziz Buteflika ordenou também o adiamento da data das eleições dando início a um período de transição destinado a eleger um sucessor para a próxima votação presidencial.

A próxima etapa de transição vai depender de uma "Conferência Nacional inclusiva e independente" e tutelada por um "governo de concertação nacional", não fornecendo mais detalhes.

A televisão estatal informou igualmente que Buteflika assinou um decreto presidencial, em que, pela primeira vez na história da Argélia, é criado o cargo de vice-primeiro ministro.

De acordo com a imprensa argelina o chefe do novo governo vai ser Nouredin Bedaui, um homem do aparelho de Estado e que vai dirigir a transição em conjunto com Lamamra, um diplomata que representa grupos que lutam pelo poder no país.

Bedaui tem vindo a concentrar meios de poder na sequência das purgas que atingiram as Forças Armadas nos últimos cinco anos, assim como nos serviços secretos tendo afastado Ahmed Ouyahia, que ao longo dos últimos 20 anos foi quatro vezes chefe do Executivo e chefe do gabinete presidencial entre 2014 e 2017.

Buteflika, na presidência desde 1999, sofreu em 2013 um derrame cerebral que limitou as capacidades físicas do chefe de Estado que o impediu de participar nas campanhas presidenciais, apesar de ter vencido as eleições.

O presidente não fala em público e apenas é visto, em cadeira de rodas, em reuniões do Conselho de Ministros ou em algumas visitas de estadistas estrangeiros.

Os protestos na Argélia, que se iniciaram há alguns meses nas bancadas dos campos de futebol, alastraram para as ruas em 22 de fevereiro, dois dias antes da partida de Bouteflika para Genebra onde esteve hospitalizado até domingo, e que também forçou o regime a suspender a inauguração do novo aeroporto de Argel, à qual deveria presidir.

Desde então, em particular às sextas-feiras, dia sagrado para ao muçulmanos, milhões de pessoas têm protestado contra a corrupção de um regime dominado pelas Forças Armadas e os serviços secretos e que se enquistou progressivamente desde o fim da guerra de libertação, iniciada em 1954, e a independência da França em 1962.

Os estudantes têm mantido a pressão na rua, o que conduziu o regime a antecipar por dez dias as férias universitárias, que se iniciaram hoje no país.

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