O antigo jardineiro acusado de matar oito homens, em Toronto, no Canadá, estava a meio de outro possível homicídio quando a polícia lhe apareceu em casa e o deteve, em janeiro do ano passado. 

Os detalhes dos seus crimes foram ouvidos esta segunda-feira, dia 4 de fevereiro, data do início do julgamento de Bruce McArthur, acusado de oito crimes de homicídio em primeiro grau, pelos quais se declarou culpado na semana passada.

A descrição do dia da detenção é particularmente arrepiante, sobretudo para a vítima, que sobreviveu. As autoridades já estavam a vigiar o jardineiro, por causa de uma pista encontrada na investigação ao desaparecimento de uma das suas vítimas mortais, e desconfiaram que poderia estar em curso outro homicídio.

Bruce McArthur levou, em janeiro do ano passado, um homem casado para sua casa. O homem, identificado apenas como 'John', tinha o mesmo perfil que outros homens desaparecidos.

Imagens das oito vítimas mortais© Polícia de Toronto/BBC

Naquele dia, McArthur disse a 'John', por mensagem, que queria "experimentar algo diferente". Uma vez no seu apartamento, colocou-lhe algemas e prendeu-o à sua cama, cuja cabeceira era composta por barras de ferro.

Fotografia da cama de Bruce McArthur, onde muitas das vítimas foram assassinadas© Polícia de Toronto/BBC

Depois colocou-lhe um saco sobre a cabeça. Quando 'John' começou a desesperar, McArthur tentou tapar-lhe a boca com fita adesiva.

Nessa altura, a polícia bateu à porta.

Mais tarde, durante a investigação, quando o jardineiro já estava detido, as autoridades descobriram uma pen USB com nove pastas, muitas delas com os nomes das vítimas. A nona pasta, nomeada 'John', tinha imagens das redes sociais desta última potencial vítima. As fotografias foram descarregadas da internet no mesmo dia em que a oitava vítima foi assassinada.

O juiz avisou os presentes que as descrições e as imagens que iriam ser mostradas em tribunal seriam demasiado chocantes para algumas pessoas, segundo cita a BBC. "Questionem-se se precisam mesmo de estar aqui", indicou o magistrado.

Durante a apresentação das vítimas e reconstituição dos crimes, foram mostradas as fotografias encontradas no computador do acusado. Ele colocava as vítimas, já cadáveres, em pose para as fotografias, nuas ou apenas vestidas com um casaco ou um chapéu. Algumas tinham os olhos abertos com fita adesiva, outros cigarros acesos pendurados nos lábios.

Bruce McArthur© Polícia de Toronto/BBC

O homem de 64 anos, recorde-se, foi apanhado pelas autoridades no ano passado, depois de serem descobertos os restos mortais de sete homens numa propriedade onde o suspeito trabalhava, no centro de Toronto. Estavam espalhados em vasos grandes.

Os restos mortais da oitava vítima foram encontrados numa ravina da mesma propriedade.

O assassino em série tinha uma pequena empresa de jardinagem paisagística para a qual contratava trabalhadores, incluindo um homem de 40 anos que desaparecera em 2010. As autoridades criaram várias equipas de investigação para trabalhar nos desaparecimentos de homens gays em Toronto, mas sempre sem sucesso. Até ao ano passado, em que desapareceu um ativista LGBT, que era conhecido na comunidade.

O procurador-geral encarregue do caso indicou que os crimes envolviam agressão sexual ou detenção forçada e que os corpos eram escondidos e desmembrados.