Irão e talibãs em negociações para relançar processo de paz
O Irão e os talibãs aceleraram as negociações para relançar o processo de paz no Afeganistão, após o anúncio da redução das tropas norte-americanas estacionadas neste país em conflito há 17 anos.
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Mundo Afeganistão
Segundo o porta-voz da diplomacia iraniana, Bahram Ghassemi, os talibãs realizaram no domingo uma rara visita a Teerão, para novas conversações com responsáveis iranianos, cinco dias depois de o mesmo ter acontecido no Afeganistão.
"Uma delegação de talibãs afegãos teve longas discussões em Teerão, no domingo, com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, [Abbas] Araghchi", adiantou.
"O principal objetivo das negociações é facilitar as conversações entre grupos afegãos [talibãs] e o governo [local], com vista a fazer avançar o processo de paz", sublinhou.
O vice-ministro Araghchi deverá deslocar-se ao Afeganistão nas próximas duas semanas, adiantou o porta-voz.
Os fundamentalistas islâmicos talibãs combatem as autoridades de Cabul desde a intervenção militar norte-americana no Afeganistão, que afastou os talibãs do poder, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Durante 2018, o Afeganistão viu-se afetado por um número recorde de atos violentos, atribuídos aos talibãs e ao grupo extremista Estado Islâmico.
Há 17 anos em guerra, o Afeganistão é um dos países mais perigosos do mundo.
A recente decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciada no dia 21, de retirar "cerca de metade" dos 14 mil soldados norte-americanos que estão no Afeganistão, antes da conclusão do processo de paz, reduz a zero as esperanças de resolução do conflito de muitos afegãos.
País de maioria xiita e inimigo histórico dos Estados Unidos, o Irão partilha 900 quilómetros de fronteira com o Afeganistão, país de maioria sunita.
O Irão esteve ao lado das Nações Unidas e dos países ocidentais para ajudar a eliminar os talibãs, após a invasão dirigida pelos EUA em 2001. E tem apoiado a minoria étnica xiita hazara, violentamente perseguida no Afeganistão sob o regime dos talibãs, na década de 1990.
"O Irão é um pilar para a estabilidade na região e a cooperação entre os dois países vai certamente ajudar a resolver os problemas de segurança", frisou o secretário do conselho supremo para a segurança nacional iraniano, Ali Shamkhani.
A intervenção do Irão está a incomodar o poder em Washington, sobretudo as fações que consideram prematura uma retirada de tropas do Afeganistão e da Síria, onde o Irão apoia militarmente o regime contra os grupos rebeldes.
O Irão aplaudiu o anúncio da retirada das tropas norte-americanas da Síria, mas não comentou a retirada parcial do Afeganistão.
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