Banco russo diz ter sido enganado por Moçambique
O vice-presidente do banco russo VTB disse hoje que foi "enganado" pelo Governo de Moçambique por as dívidas de várias empresas públicas não terem sido divulgadas aos investidores e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
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Economia Dívidas
"O governo (moçambicano) enganou-nos" ao não divulgar as dívidas com garantia estatal contraídas por várias empresas públicas em 2012 e 2014, disse Yuri Soloviev numa entrevista em Moscovo à agência de informação financeira Bloomberg.
"Os investidores devem ser protegidos, a dívida precisa de ser paga, e o Fundo Monetário Internacional precisa de ser informado atempadamente dos empréstimos", disse Soloviev, culpando o Governo de Moçambique pela crise da dívida que atinge o país.
O vice-presidente do VTB, o segundo maior banco russo, que ajudou, juntamente com o Credit Suisse, a reestruturar a dívida soberana de Moçambique e emprestou dinheiro a várias empresas públicas, disse ainda que está em negociações com Moçambique relativamente ao pagamento da dívida.
"Apesar de já não sermos os detentores desta dívida, não abandonamos os investidores, já que somos responsáveis enquanto agentes nos empréstimos e na emissão de dívida em moeda estrangeira ['eurobonds', no original em inglês]", disse.
Na sequência da revelação das dívidas escondidas, os principais doadores de Moçambique cortaram os seus financiamentos ao país, que tem agora também o desafio de restaurar a confiança da comunidade internacional e melhorar a transparência das suas finanças públicas, observa o relatório.
O Governo moçambicano reconheceu no final de abril a existência de dívidas fora das contas públicas de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros), justificando com razões de segurança e infraestruturas estratégicas para o país.
A revelação de dívidas com aval do Governo levou o Fundo Monetário Internacional a suspender um empréstimo a Moçambique.
O grupo de 14 doadores do Orçamento do Estado também suspendeu os seus pagamentos, uma medida acompanhada pelos EUA, que anunciaram a revisão do seu apoio bilateral.
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