Meteorologia

  • 19 MAIO 2024
Tempo
13º
MIN 13º MÁX 21º

"Há muitos anos que metade dos portugueses depende do Estado"

Lia jornais ainda em criança e em pleno 25 de Abril começou a entender a política e as maroscas económicas. Doutorou-se nos Estados Unidos aos 26 anos, aproveitando a estadia no estrangeiro para “ver o mundo funcionar de outra maneira”. Em entrevista ao jornal i, António Nogueira Leite compara a atual situação económica com a crise vivida em ’83, e diz que quando regressou viu um país onde “todos achavam que iam ser ricos”.

"Há muitos anos que metade dos portugueses depende do Estado"
Notícias ao Minuto

09:05 - 18/03/14 por Notícias ao Minuto

Economia Nogueira Leite

Corria o ano de 1983 e o Fundo Monetário Internacional (FMI) trazia a Lisboa o segundo resgate financeiro. Viviam-se tempos complicados, mas para António Nogueira Leite “a situação é hoje mais difícil”.

“Agora, o ajustamento é muito mais difícil porque não há política monetária própria e não há política cambial, num contexto de inflação muito mais baixa. O ajustamento que é preciso fazer é muito mais difícil”, disse Nogueira Leite em entrevista ao jornal i.

Por achar que “não ganhava nada em continuar cá [em Portugal] a dar aulas” e a preparar-se para “um dia fazer o doutoramento num sistema semifeudal”, Nogueira Leite optou por terminar os estudos nos Estados Unidos, onde aproveitou para “ver o mundo a funcionar de outra maneira”.

Assim que chegou, destacou em declarações ao i, “o país tinha mudado completamente”. “Todos achavam que íamos ser ricos e desenvolvidos um dia”, resultado da entrada na Comunidade Europeia e do crescimento a um ritmo de mais de 5% ao ano.

Contudo, já na altura os erros sobressaiam. Para o social-democrata, “começamos a procrastinar e a errar relativamente cedo”, apontando, aqui, o dedo “ao segundo mandato do professor Cavaco Silva como início das dificuldades que nos conduziram a um terceiro resgate”.

Em 1999, Nogueira Leite dá início à sua vida política. Ao i, diz ter sido “um mero secretário de Estado”, e justifica a sua saída precoce do governo “por razões que se prendiam com o facto de achar que não se estava a levar em devida conta o tema da competitividade”.

A atual crise económica, defende, começou bem antes de 2011. “Há muitos anos que cerca de metade dos portugueses depende do Estado” e, além disso, sustenta, “muito do aparelho empresarial português especializou-se em aproveitar-se das fragilidades do Estado”, tendo sido, a seu ver, “altamente indutor da despesa pública”.

Como na altura, continua, “o crédito era fácil e barato, nomeadamente o internacional, dava a ideia de que era um ‘regabofe’ sem fim”.

Agora, Nogueira Leite diz que “a responsabilidade esteve e está nos governos”, e garante que “é mau diabolizarmos os bancos”, uma vez que “em Portugal faltam centros independentes de pensamento que regularmente avaliem as políticas, think tanks sem constrangimentos de financiamentos públicos ou privados, verdadeiramente independentes, que ajudem a fiscalizar e a constituir uma verdadeira opinião económica livre e isenta”.

Recomendados para si

;

Receba as melhores dicas de gestão de dinheiro, poupança e investimentos!

Tudo sobre os grandes negócios, finanças e economia.

Obrigado por ter ativado as notificações de Economia ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório